O presidente do Instituto de Defesa dos Usuários de Medicamento, Antonio Barbosa da Silva, em sua participação na audiência pública que discute o Sistema Único de Saúde (SUS) defendeu a criação de uma política de medicamentos discutida com a sociedade e aprovada pelo Congresso Nacional.

Ele é farmacêutico bioquímico e membro do Conselho Federal de Farmácia (CFF) e afirma que o Brasil ainda não implantou essa política para substituir os programas atuais adotados a partir de portarias. Segundo ele, isso gera uma instabilidade porque as normas mudam de governo para governo.

Em sua opinião, é necessário que haja uma política com diretrizes sem o risco de sofrer essas alterações. Para isso, é necessário “planejamento, aquisição adequada, produção, estocagem criteriosa e monitoramento envolvendo toda a comunidade científica e instituições do setor”.

Antonio Barbosa criticou ainda a dificuldade de acesso aos medicamentos pelo SUS, o alto custo dos tratamentos e afirmou que faltam no sistema não só os medicamentos excepcionais, mas também aqueles previstos nos programas do Ministério da Saúde.

Segundo ele, esse problema ocorre devido a compras mal orientadas, estocagens erradas, falta de planejamento, ausência de farmacêuticos em toda a cadeia do planejamento, desde a aquisição até a entrega do medicamento ao paciente.

Para demonstrar a gravidade, informou que 30% das internações nos hospitais são causadas pela não conclusão do tratamento por falta de medicamentos.

Ao final, defendeu o fornecimento gratuito de medicamentos para todos os usuários independente da gravidade da doença. “Não aceitamos que qualquer ser humano seja excluído do coletivo apenas porque tem doenças raras com tratamentos raros. Esses fazem também parte do sistema de saúde e exclui-los seria uma nova forma de genocídio”, enfatizou.

CM/EH