A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal despediu-se hoje (22/4) de mais um de seus integrantes – o ministro Sydney Sanches – que se aposenta no próximo dia 26. Em sua última sessão perante a Turma, Sanches recebeu a homenagem de seus colegas, representados pelo ministro Sepúlveda Pertence.

“O destino caprichoso transformou este mês para o Tribunal, e em particular, para esta Turma – verdadeiramente dizimada – num festival de despedidas. Esta semana é o momento de Vossa Excelência (Sanches) deixar a longa carreira de juiz, da qual quase 20 anos passados neste Tribunal. Deixa Vossa Excelência a imagem de um magistrado exemplar, pela indulgência, pela cultura e pela operosidade”, elogiou Pertence.

O ministro Pertence afirmou, ainda, que o ministro já deixa saudades nos colegas que ficam, “por sua convivência amena e delicadeza sem par”. Ele salientou que “em todos estes anos, em nenhum momento, vi irritação ou mesmo perda do bom humor que ficará gravado em nossa memória pelos seus finíssimos trocadilhos”.

O subprocurador-geral da República Wagner Natal Batista falou pelo Ministério Público Federal e lembrou que freqüenta há oito anos a Primeira Turma do STF, e que, nesse período, a Turma foi totalmente remodelada, com a saída dos ministros que se aposentaram (Octávio Gallotti, Néri da Silveira, Moreira Alves) e daqueles que estão próximos de se aposentar, como é o caso dos ministros Sydney Sanches e Ilmar Galvão, que deixa a Corte no próximo dia 2 de maio.

Ele desejou que o ministro Sydney Sanches “tenha, no futuro, tanto sucesso quanto teve na Corte e nos seus 41 anos de vida profissional”. Em seguida o homenageado pediu a palavra para agradecer as saudações e, “por não confiar no improviso, nem na memória, nem no controle da emoção”, ele fez a leitura de algumas anotações.

“Muito aprendi com cada um dos ministros com quem convivi na Primeira Turma e de todos recebi o mais amistoso tratamento e uma bondosa compreensão. Não me recordo de qualquer divergência que nos tenha afastado do plano das idéias”, leu o ministro.

E continuou: “Convivi também com ilustres representantes do Ministério Público Federal, dentre os quais destaco apenas os já falecidos Assis Toledo e Mauro Soares, para não incorrer em injustas omissões com referência aqueles que prestaram, ou ainda prestam, serviços junto à Turma no curso desses anos todos”.

“Advogados foram tantos, e tão combativos, tão dignos da nobre missão, que não ousaria debinar o nome de qualquer um deles. Porém, como minha judicatura não se iniciou nesta Corte, e sim, a 18 de janeiro de 1962, em São Paulo, convivi no interior e na capital do estado durante quase 23 anos com figuras magníficas da advocacia. Devo destacar num preito de saudade, Theotônio Negrão – recentemente falecido – e que me saudou quando cheguei à Presidência da Corte”, recordou.

“Ao final da jornada na judicatura, ao menos perante esta Turma, quero exteriorizar minha profunda gratidão a todos que a integraram ou a integram até hoje, pelo muito que me ofereceram de ensinamento, de compreensão e de amizade”, disse o ministro. Agradeceu, ainda, aos servidores da Casa e, em especial, aos de seu gabinete, “que deram provas claríssimas de alto senso de responsabilidade funcional, de dedicação ao trabalho, de eficiência no serviço e de incomum espírito público”.

O momento de maior emoção se deu quando o ministro se referiu à presença da professora Eucides Paro Rodrigues Sanches, sua esposa há mais de 42 anos, mãe de suas 4 filhas e avó de seus oito netos. Com a voz embargada e com o semblante visivelmente comovido, Sanches disse: “Quero a ela e a todos agradecer pelo muito de amor que me tem oferecido, ao mesmo tempo em que lhes renovo o pedido de desculpas pelo tempo de atenção que lhes tenho sonegado”. E assim, deu por encerrada sua última sessão de Turma.

Ministro Sydney Sanches, discurso de despedida da 1ª Turma (cópia em alta resolução)

Homenagem da Procuradoria da República (cópia em alta resolução)

Ministro Sydney e a esposa, Eucides Sanches (cópia em alta resolução)

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