Supremo alfabetiza empregados tercerizados

12/03/2001 15:00 - Atualizado há 8 meses atrás


A solenidade de formatura da primeira turma do “Programa de Aprimoramento Educacional de Empregados Terceirizados do STF” ocorre hoje, segunda-feira (3/12), às 17h, na antiga Primeira Turma, Anexo I do Supremo Tribunal Federal.


Quarenta e oito empregados terceirizados não alfabetizados ou com baixo grau de escolaridade participaram do programa, que começou em 13 de março e teve 248 horas/aula. As atividades incluíram visitas ao Museu do Supremo, do Índio,  ao Memorial JK e ao Catetinho.


Geni Pereira da Silva, 69 anos, é funcionária terceirizada no Supremo há 23 anos. Ela cuida das estantes da biblioteca e afirma nunca ter pensado conseguir a oportunidade de aprender a ler. “Antes eu não sabia sacar dinheiro, nem preencher cheque. E agora já sei procurar um livro quando um advogado chega”, diz.



INSTRUTORES


Os instrutores são funcionários do STF voluntários. Eles foram treinados pela Universidade de Brasília (UnB), que também disponibilizou o material didático para os alunos. Além do material de apoio fornecido pela UnB, os instrutores também utilizaram suas próprias produções — quebra-cabeças, jogos e exercícios.


“Essa experiência foi muito gratificante”, diz Maria Rita Pires de Souza, uma das instrutoras do programa, que é técnica judiciária. “Achei importante a valorização dos terceirizados e o retorno que eles deram ao projeto”, completa. 




ÓCULOS 


Logo no início da execução do programa, verificou-se que mais da metade da turma — 38 alunos — tinha problemas de visão afetando, conseqüentemente, o aprendizado. Uma campanha interna foi promovida para comprar os óculos.


“Nós somos privilegiados, vivemos em uma realidade e não sabemos as dos outros. As pessoas precisam ser mais solidárias e não esperar o tempo, o momento é agora”, afirma a coordenadora do programa, Ângela Santarém.


A segunda turma do programa começou em outubro, com 20 alunos. A duração do curso é de cinco a seis meses.




Rita, instrutora do programa




D. Geni pensava que nunca aprenderia a ler


Carta escrita por uma das alunas:


 

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