STF recebe ADI contra artigos do Estatuto do Idoso

23/12/2003 12:31 - Atualizado há 6 meses atrás

O procurador-geral da República, Claudio Fonteles, ajuizou Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 3096) no Supremo Tribunal Federal contra disposição do Estatuto do Idoso (Lei 10.741/03) que limita o acesso gratuito dos maiores de 65 anos aos serviços seletivos e especiais de transporte urbano. Ele pede a concessão de medida liminar que suspenda a restrição contida no artigo 39 do Estatuto, por limitar o alcance do que estabelecido pelo artigo 230, parágrafo 2º da Constituição Federal. 


O artigo 39 do Estatuto do Idoso assegura aos maiores de 65 anos a gratuidade dos transportes coletivos públicos e urbanos e semi-urbanos, excepcionando os serviços seletivos e especiais, quando prestados paralelamente aos serviços regulares.


Claudio Fonteles também contesta o artigo 94 que estabelece que aos crimes previstos no Estatuto, cuja pena máxima privativa de liberdade não ultrapasse  4 anos, será aplicado o procedimento previsto na Lei dos Juizados Especiais (Lei 9099/95) e nos Códigos Penal e de Processo Penal.


O dispositivo apontado como inconstitucional permitiria a escolha da idade da vítima de determinados crimes como critério para garantir ao autor “os benefícios de uma Justiça especializada, a dos Juizados Especiais”.


O procurador sustenta haver ofensa artigo 5º da Carta, pelo qual todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade. Conforme Fonteles, o texto impugnado não protege o idoso, mas beneficia o autor de crime contra maiores de 65 anos de idade.


O artigo 105 do Estatuto, por exemplo, aplica pena de detenção de um a  3  anos para quem exibir ou veicular, por qualquer meio de comunicação, informações ou imagens depreciativas ou injuriosas à pessoa do idoso.


Reter o cartão magnético (artigo 104) de conta bancária relativa a benefícios, proventos ou pensão do idoso, bem como qualquer outro documento com objetivo de assegurar recebimento ou ressarcimento de dívida sujeita à pena de detenção de 6 meses a 2 anos.


Abandonar o idoso (artigo 98) em hospitais, casas de saúde, entidades de longa permanência, ou congêneres, ou não prover suas necessidades básicas, quando obrigado por lei ou mandado resultaria em detenção de 6 meses a 3 anos.


#SS/JC//RP

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