Segundo dia do Seminário aborda tecnologias e tratamento de informação digital
Palestras
O professor titular do Departamento de Ciência da Informação da Universidade de Brasília, Mamede Lima Marques, iniciou os trabalhos do segundo dia do Seminário de Gestão da Informação Jurídica em Espaços Digitais. Em sua palestra Fundamentos da Arquitetura da Informação, o professor revelou que hoje esta arquitetura está voltada para a Web. No entanto, o especialista brasileiro defende a idéia de que, “da mesma forma que a arquitetura tradicional transforma espaços físicos em sistema habitacionais, a arquitetura da informação deve transformar espaços informacionais em sistemas de informação”.
O professor Mamede define arquitetura da informação como um processo “que necessita escutar, construir, habitar e pensar a informação como atividade de fundamento e de ligação de espaços”. É uma ciência em constante transformação e, segundo o palestrante, “aí está o grande desafio hoje: não temos ainda arquiteturas capazes de absorver essa dinâmica constante”.
A Fundação Biblioteca Nacional (FBN) está trabalhando desde 2001 na implantação de uma biblioteca informatizada contendo os mais importantes documentos históricos e oficiais brasileiros. São textos, gravuras, fotografias, mapas, discos, partituras musicais e outros documentos, catalogados desde o período colonial de nossa história. A informação foi dada na segunda palestra do seminário, pela professora Ângela Bettencourt, coordenadora de informação bibliográfica da FBN. Ela destacou que dois critérios básicos estão sendo seguidos para a montagem da página digital: a preservação dos documentos e a formatação mais acessível para os usuários.
Para Nicholas Cop, presidente de uma empresa de consultoria em informação para bibliotecas e redes, o segredo do sucesso das bibliotecas digitais é a interação com usuários. Para ele “o usuário não tem paciência, abre uma caixa e se não encontrar o texto inteiro que procura, ele sai. Então é preciso integrar informações para atrair o usuário”.
Na palestra sobre Recuperação da Informação Jurídica em Espaços Digitais, Rodrigo Torres Assunção, do Banco Central do Brasil, afirmou que a evolução dos recursos eletrônicos e a maior capacidade de armazenamento provocaram um impasse quanto à recuperação das informações nos bancos de dados digitais. Segundo ele, a maior quantidade de informações torna necessária a criação de ferramentas mais eficazes de comunicação e acesso aos dados.
Rodrigo Assunção ressaltou que as ferramentas de busca precisam de um método que não atrapalhe a velocidade de processamento e resposta. Ele sugere a distribuição das informações das bibliotecas digitais em temas, capítulos e textos livres, para resultados mais expressivos.
Mesas redondas
O projeto de informatização do Tribunal de Contas da União (TCU), a acessibilidade e a semântica orientada para a Web foram os temas da mesa redonda de hoje. A professora da UnB, Flávia Macedo explicou que o projeto de informatização do TCU foi desenvolvido nos padrões do chamado e-gov ou governo eletrônico, com duas entradas virtuais: uma para o público interno e outra para o cidadão.
Acessibilidade digital não é um tema restrito aos usuários portadores de necessidades especiais. No futuro este será um problema de todos, pois com o aumento da expectativa de vida, “em algum momento, todos vamos passar a enfrentar alguma ou até algumas deficiências”. Essa é a opinião do professor Antonio dos Santos Borges, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que informou a necessidade urgente do tema ‘acessibilidade digital para usuários com deficiência’ entrar na pauta de discussões da sociedade brasileira.
Web semântica. Termo emprestado da lingüística, para designar a ciência da organização e padronização dos dados na rede mundial de computadores. Com a Web semântica se busca uma navegação automática que possibilite aplicações mais inteligentes para a linguagem dos hiperlinks da Web. De acordo com a especialista Marisa Bräscher, da UnB, a integração de dados é a chave desse novo conceito. “O problema, agora, é padronizar as várias linguagens já desenvolvidas, para que os sistemas da Web possam conversar entre si”, concluiu Marisa.
No período da tarde, Tecnologias de Informação foi o tema da mesa redonda desse segundo dia do seminário. Hélio Kuramoto, do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT); Paulo Henrique de Assis Santana, do Ministério do Meio Ambiente e Luiz Fernando Sayão, da Comissão de Energia Nuclear, discutiram as questões operacionais para que o Brasil, 4º colocado do mundo em número de repositórios digitais, possa se inserir numa comunidade científica liderada pelos Estados Unidos e seguida pela Inglaterra e Alemanha.
É o mundo dos arquivos de teses, pesquisas e informação científica. Virtualmente o conhecimento humano tem nos repositórios digitais uma biblioteca planetária cuja tendência mundial indica o acesso livre como premissa para seu compartilhamento. De acordo com os debatedores, este modelo de gestão da informação científica está em vias de se consolidar mundialmente e o Brasil não pode perder essa oportunidade.