Especialista em dengue, Haroldo Sérgio da Silva Bezerra falou contra a importação de pneus e disse que um tipo asiático de dengue “muito provavelmente foi introduzido no Brasil por meio da importação de pneus usados”. Bezerra é assessor técnico da Coordenação de Controle da Dengue da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde.

Ele disse que o pneu é um excelente criadouro do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue, e que o acréscimo de pneus no Brasil pode agravar muito a proliferação da doença. Bezerra declarou, ainda, que o problema da dengue necessita de ações integradas, daí a importância também de cuidar da destinação dos pneus usados.

O representante do Ministério da Saúde informou que a dengue não é só um problema do Brasil, mas do mundo. Com base em dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), Bezerra contou que 2,5 bilhões de pessoas vivem nas áreas de risco de transmissão de dengue. “Nós temos 100 milhões de casos por ano, 400 mil são de febre hemorrágica da dengue, que é a sua forma mais grave. A doença se apresenta em 100 países de forma endêmica”, afirmou.

Segundo o especialista, o ovo da fêmea do Aedes tem uma capacidade de sobreviver até um ano. “Como a fêmea não deposita seus ovos diretamente na água, ela os coloca na parede do depósito, que mesmo seco, viabiliza a sobrevivência do ovo por um ano”, afirmou, ressaltando que há grande possibilidade de o mosquito ser levado para outro lugar em razão do transporte de pneus.

Para ele, o Brasil, ao importar pneus usados, pode estar  “trazendo cepas de mosquitos que têm melhor capacidade de transmissão da dengue ou que sejam resistentes a inseticidas utilizados atualmente no país”.

Ao final de sua exposição, o especialista salientou que a dengue necessita, basicamente, de ações integradas. “Uma única ação não resolveria o problema, entretanto, o acréscimo de pneus ao país, com certeza, pode agravar em muito o problema da dengue”, avaliou.

EC/LF