Professores debatem técnicas de educomunicação em sala de aula para combater desinformação

Segunda live do Ciclo de Debates Educomunicação, Democracia e Eleições foi realizada nesta segunda (29) e faz parte do Programa de Combate à Desinformação do STF, em parceria com a RNCd

30/08/2022 15:54 - Atualizado há 8 meses atrás

Com o tema “Práticas pedagógicas educomunicativas contra a desinformação eleitoral”, a segunda live do Ciclo de Debates Educomunicação, Democracia e Eleições” foi realizada na última segunda-feira (29), com transmissão pela TV Justiça. A ação integra o Programa de Combate à Desinformação do Supremo Tribunal Federal, em parceria com a Rede Nacional de Combate à Desinformação (RNCd).

Os debates são promovidos pela Associação Brasileira de Pesquisadores e Profissionais em Educomunicação (ABPEducom) com o objetivo de discutir proposições para o desenvolvimento de projetos que incentivem a leitura crítica das mídias, e, por sua vez, o combate à desinformação nos contextos educacionais.

Questionar antes de disseminar

Assessor pedagógico do EducaMídia, programa de educação midiática do Instituto Palavra Aberta, Bruno Ferreira disse que professores de qualquer disciplina podem e devem abrir espaço para incentivar os estudantes a buscarem fontes confiáveis de informação. “Mais importante que o produto final é o processo de investigação”, destacou.

Um dos protocolos usados pelo EducaMídia para desenvolver a leitura crítica é o de orientar os alunos a se questionarem antes de disseminar informações. O primeiro passo é analisar o propósito. O receptor deve se perguntar que mensagem quer passar. Depois, avaliar a audiência, buscando o meio em que a informação está circulando. Em seguida, deve-se analisar a autoria, para saber se quem a produziu a tem credibilidade, o conteúdo, procurando evidências que o comprovem, e, por último, o contexto, para se informar sobre em que situação o fato foi divulgado.

Exclusão digital

A segunda palestrante foi a jornalista e professora Marcela Britto, que leciona em uma escola na periferia de Cuiabá (MT). Ela admitiu que o processo de aprendizagem nas escolas está ultrapassado e que há muita resistência em mudar a fórmula “decoreba” usada hoje e produzir conteúdo que gere reflexão e questionamento.

Ela lamentou que, no Brasil, muitos jovens ainda vivem em situação de exclusão digital. E revelou que, durante a pandemia, apenas 40% dos seus alunos tinham acesso às aulas online. “Como podemos falar da possibilidade de pesquisa se grande parte não tem acesso à internet? É preciso que a escola dê essa possibilidade”.

Consciência crítica

A última palestrante da live foi Suéller Costa, professora da Educação Básica e formadora em cursos livres de extensão e universitários. O incentivo à produção midiática nos espaços educativos – como jornais, murais, programas de rádio, que podem ser digitais ou analógicos –, utilizando linguagens diferentes, é uma das formas de despertar o ciclo informativo e a consciência crítica.

“Quando eu apresento esse percurso de como se faz uma notícia, estou apresentando a eles a responsabilidade que se tem quando passamos a ser o produtor e a importância de ser ético com aquilo que se produz”, avalia.

Embora seja uma prática antiga, ela avalia que a produção de um jornal nas escolas tem um grande potencial criativo e comunicativo para incentivar os alunos. A professora acredita que educar para as mídias, para saber ler criticamente e identificar o que pode ser real e o que é duvidoso, é um meio de trazer essas questões para a sala de aula.

A live foi mediada pela jornalista Vanessa Vantine. Após as palestras, os professores responderam perguntas enviadas pela internet.

IV//CF

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