Professor catarinense quer cotas para neutralizar discriminação socioeconômica e racial

05/03/2010 18:50 - Atualizado há 9 meses atrás

O professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Marcelo Tragtenberg defendeu hoje (5) a utilização de políticas afirmativas para neutralizar a discriminação socioeconômica e racial no Brasil.

Segundo ele, há no Brasil cursos universitários em que não entra um único aluno proveniente de escolas públicas, além de um apartheid racial comparável ao da África do Sul. “Nós temos um apartheid racial igual ou pior do que o da África do Sul no que se refere à área da educação, sendo igual na educação superior e pior na educação básica”, disse.

Para ele, a adoção do sistema de cotas é essencial para reduzir a exclusão socioeconômica da população negra e que, por isso, o acesso à universidade deve ser tanto pela cor da pele quanto pela situação econômica do aluno.

O professor também rechaçou a acusação de manipulação de índices do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) para favorecer argumentos pró cotas raciais. Uma das acusações do segmento que critica esses dados é a união de pretos e pardos para contabilizar a população negra.

O professor apresentou o seguinte argumento: ele afirmou que dados mostram que, no acesso ao ensino superior, o percentual da população (entre 24 e 64 anos, de 1960 a 1999) que completou a universidade, por cor, tem um crescimento cinco vezes maior para brancos do que para pretos e pardos.

“Se a agente tiver atenção com relação para os pretos e os pardos, podemos dizer que, no acesso ao ensino superior, os pretos e pardos têm aproximadamente o mesmo perfil e, portanto, podem ser juntados numa categoria classificatória de negros. Portanto, não há manipulação alguma”, defendeu.

Ele defendeu ainda que não adianta criar cotas somente de reserva de vagas para a escola pública, nas universidades, para ampliar o acesso da população negra à universidade. “Isso não necessariamente, não automaticamente, inclui negros. É uma outra linha que tem de ser dada no sentido da inclusão de negros.”

RR/EH

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