O Supremo Tribunal Federal (STF) recebeu nesta tarde (11) a visita da governadora-geral e comandante em chefe do Canadá, Michaëlle Jean, que se encontrou com a presidente da Corte Suprema brasileira, ministra Ellen Gracie. A visita da chefe de Estado canadense tem por objetivo ressaltar a importância que aquele país atribui ao Brasil, no intuito de fortalecer seu comprometimento nas Américas.
 
O Canadá faz parte da chamada Comunidade Britânica (The Commonwealth), formada pelo Reino Unido e por algumas de suas antigas colônias, hoje Estados soberanos que, por espontânea vontade, decidiram manter laços de amizade e cooperação mútua, reconhecendo como chefe simbólico a rainha da Inglaterra.

Em sua visita, Michaëlle Jean foi acompanhada de uma delegação de canadenses representando os setores de educação, cultura, saúde, desenvolvimento internacional e os jovens. A governadora-geral trouxe uma visão moderna e atual do Canadá, como parceiro político e econômico estratégico para o Brasil, e quer aprofundar as trocas de experiências sobre os valores compartilhados pelas duas nações.

De acordo com o embaixador brasileiro no Canadá, Valdemar Carneiro Leão, o cargo de governadora-geral se parece com o da rainha inglesa que, apesar de não ter poderes executivos, representa o país nas relações diplomáticas. O embaixador destacou que a visita de Michaëlle Jean traz mensagens muito importantes para o Brasil. “A primeira, de que as relações entre os dois países nunca estiveram melhores nos últimos dez anos. Segundo, que o Canadá deseja, além de preservar, reforçar suas relações com o Brasil nos campos político, econômico, comercial e cultural.”

Carneiro Leão destacou que, no discurso da governadora-geral no Palácio do Planalto, ela deixou claro que veio dar um testemunho da admiração que o seu governo e o povo canadense têm pela capacidade do atual governo brasileiro de conjugar estabilidade econômica e inclusão social. “Sua excelência veio trazer o testemunho de respeito e admiração pela política que vem sendo desenvolvida pelo Brasil”, disse o embaixador.

A visita durou mais de uma hora, pois Michaëlle Jean se mostrou bastante interessada nas ações do Poder Judiciário para a inclusão social das mulheres, crianças e outras minorias. Como o diálogo se deu no idioma da visitante (o francês), fato que facilitou o encontro, a ministra Ellen Gracie foi bastante questionada tanto pela governadora-geral como por integrantes de sua comitiva.

Os questionamentos da visitante foram sobre temas como o respeito à diversidade, a justiça, a democracia, a igualdade racial e sexual, o acesso à educação e a proteção da juventude. No encontro, Michaëlle Jean destacou a importância da cooperação, tanto do Canadá como do Brasil, no Haiti, e indagou sobre a possibilidade de o Judiciário brasileiro ajudar na remodelação da justiça do Haiti, país onde nasceu.
 
Em 1968, a família de Michaëlle Jean buscou refúgio no Canadá, já que seu país passava por uma ditadura naquela época. Ela é mestre em literatura comparada e fluente em cinco idiomas. Sua atuação política se deu com mulheres vítimas de violência doméstica, além de atuar em organizações de assistência a mulheres e a famílias de imigrantes. Ex-jornalista, Michaëlle Jean atuou como âncora de programas televisivos e participou de documentários premiados no Canadá e no exterior.

A ministra Ellen Gracie entregou à Michaëlle Jean o livro sobre o Supremo Tribunal Federal e a visitante presenteou a presidente do STF com a “Carta canadense de direitos e liberdades” e com o livro comemorativo “The Supreme Court of Canada and its justices – 1875-2000” (A Suprema Corte do Canadá e sua jurisprudência – 1875-2000).

IN/LF