Presidente do STF critica excesso de recursos durante palestra no Senado

08/08/2001 18:09 - Atualizado há 7 meses atrás

O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Marco Aurélio, compareceu hoje (08/08) à palestra do jurista Ives Gandra Martins sobre a “Reforma do Judiciário” na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal. Compareceram ao evento ainda o presidente do Superior Tribunal de Justiça, Costa Leite, o presidente da CCJ e relator da reforma no Senado, senador Bernardo Cabral e o ministro Ives Gandra Filho, representando o presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Almir Pazzianotto.


A convite, o presidente do Supremo manifestou-se a respeito do tema em discussão. Marco Aurélio afirmou que a Reforma do Judiciário não pode dar à população brasileira uma esperança vã. “Como se a alteração da Carta da República viesse a trazer economia e celeridade processuais”, disse.


Para o presidente do STF, os legisladores deveriam dedicar-se a uma tarefa mais simples: a modificação das normas instrumentais, proporcionando o enxugamento do número de recursos.


A esse propósito, Marco Aurélio chegou a citar uma norma processual em vigência que possibilita os chamados “embargos infringentes” recursos contra decisões não unânimes em julgamento dos “recursos de apelação”, estes contra decisões da primeira instância.


“Há no CPC (Código de Processo Civil) algo que contraria até a máxima de Nelson Rodrigues segundo a qual toda unanimidade é burra”, comentou ao referir-se à necessidade de unanimidade para que embargos não ocorram.


O presidente do Supremo cobrou mais uma vez a mudança de postura da parte do Estado (União, estados-membros, municípios, autarquias e fundações públicas), no tocante ao cumprimento das decisões judiciais.


“Tenho sob minha relatoria cerca de 3 mil processos versando sobre Intervenção em diversos estados-membros”, disse o ministro, ao ressaltar que, em um dos casos, houve ato de desapropriação de um imóvel em 1970, sem que, até hoje, tenha sido paga a verba indenizatória.


Por fim, o presidente do Supremo disse que 12 planos econômicos sucessivos geraram várias ações judiciais e, como conseqüência,  até hoje, o Judiciário está no rescaldo desses planos econômicos. “Passamos a ter estabilidade financeira maior, mas, revelando que a balança da vida tem dois pratos, passamos a conviver com algo muito mais nefasto, ou seja, com a instabilidade normativa”, complementou.

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