Presidente da UNE apresenta opinião dos estudantes brasileiros a respeito das políticas de reservas de vagas

05/03/2010 16:50 - Atualizado há 9 meses atrás

A União Nacional dos Estudantes (UNE) tem posição favorável às políticas de reservas de vagas, de acordo com o presidente da entidade, Augusto Canizella Chagas. Ele disse que a opinião da UNE sobre diversos assuntos relacionados aos estudantes brasileiros é consolidada em congressos realizados a cada dois anos.

“A cada período que a gente tem enfrentado essa discussão nos fóruns da UNE esse tema tem ficado mais unânime. A cada congresso nós percebemos que há uma unidade maior no movimento estudantil brasileiro em relação a essa questão”, afirmou.

Segundo Chafas, a UNE defende o fim do vestibular, a ampliação de oferta de matrículas na rede pública brasileira e as políticas afirmativas, “alternativas que têm sido construídas no Brasil para mudar esse cenário, como têm sido as cotas raciais, as reservas de vagas e o Pro-Uni, instrumento que seleciona social e economicamente jovens para ingressar na universidade, ainda que na universidade privada”.

Ele revelou, durante a audiência pública sobre cotas realizada pelo Supremo Tribunal Federal, que a entidade sempre foi favorável ao debate da exclusão que o ensino superior no Brasil carrega na sua estrutura e na sua oferta de vagas. Conforme alguns dados apresentados pelo presidente da UNE, o Brasil chegou em 2010 com o número de 13,9% de jovens de 18 aos 24 anos que conseguem ter acesso a uma matrícula na universidade brasileira. “Esse é um número muito baixo se comparado a países latino-americanos, inclusive em países vizinhos como Bolívia (24%), Chile (31%) e Argentina (42%). A Europa supera com 60% dos jovens conseguindo ingressar na sua universidade”, disse.

Dados de 2009, divulgados pela Fundação Universitária para o Vestibular (FUVEST), apresentam que mais de 52% dos estudantes inscritos fizeram algum tipo de cursinho pré-vestibular. Mais de 64% dos aprovados na Universidade de São Paulo tiveram acesso a cursinho e, no curso de medicina, mais de 91%.

Fim do vestibular

Atualmente, para Augusto Chagas, o vestibular é um instrumento que seleciona social e economicamente os jovens brasileiros, no entanto deveria ser uma ferramenta de seleção de mérito individual do estudante em iguais condições de disputa. “Ele oferece acesso a maioria dos jovens que estudaram em boas escolas privadas e em bons cursinhos pré-vestibulares. Na nossa opinião esse instrumento precisa ser questionado”, disse.

Conforme o presidente da UNE, “a universidade no Brasil carrega essa marca de excluir boa parte da juventude pela ausência de vagas, em especial de vagas públicas. Essa sempre foi a luta da nossa entidade, a luta de expandir o sistema público de educação superior que é a política mais efetiva para o ingresso da maioria da juventude ao ensino superior brasileiro”.

EC/EH

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