Presidente da OAB: espírito de independência do ministro Cezar Peluso ajusta-se aos desafios da nova realidade
O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcante, manifestou nesta quinta-feira (23), no Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), sua convicção de que o ministro Cezar Peluso, empossado hoje na Presidência da Suprema Corte, “saberá exercer o cargo com competência, dignificando a Justiça, a cidadania, e a sua própria história”.
“O espírito de independência, encarnado por Vossa Excelência, se ajusta plenamente aos desafios da nova realidade nacional”, disse o advogado Ophir Cavalcante. E esses desafios, segundo ele, “exigirão do Judiciário uma atenção especial para as demandas em praticamente todos os campos da vida política e institucional”.
Democracia
Ele lembrou a importância do STF como guardião da Constituição e de preservação da democracia, observando que esta é uma obra em construção, pois será inacabada enquanto houver mazelas como a corrupção, violação dos direitos fundamentais e o uso da Justiça como forma de promover "espetáculos pirotécnicos".
Lembrou, neste contexto, a atuação do Supremo, durante a gestão do ministro Gilmar Mendes, hoje encerrada, para coibir tais práticas, assim como seu combate à prática da vigilância eletrônica que, segundo ele, ameaça transformar o cotidiano humano “numa paródia de vida de inseto, na qual as provas são produzidas contra ele próprio”.
O presidente da OAB destacou, também, a instituição dos chamados mutirões carcerários, pelos quais se traçou uma radiografia “do inferno que é viver encarcerado e sem perspectiva de futuro”, e o combate ao “voluntarismo judicial”.
Lembrando que ainda há magistrados que convidam advogados a se retirarem das salas de audiências, só recebem advogados com hora marcada, chegam atrasados às audiências e desconhecem o princípio constitucional da razoável duração do processo, ele observou que “o abuso contra o advogado é crime contra a Constituição” e também prejudica o usuário da Justiça.
Cavalcante saudou o fato de que, à frente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), cargo exercido simultaneamente ao de presidente do STF, o ministro Gilmar Mendes tenha aumentado a fiscalização do Judiciário e estabelecido metas, como a de julgar, até o fim do ano passado, todos os processos chegados à Justiça até 2005.
Injustiças
O presidente da OAB disse, ainda, que “o Brasil precisa de um Judiciário independente e forte, também para atender as demandas sociais”. Isto porque, segundo ele, a democracia do país, “infelizmente, é carente de conteúdo social, pois não atende as necessidades essenciais do povo”.
Nesse sentido, ele citou dados da ONU que colocam o Brasil , 8ª economia do mundo, em 75º lugar em desenvolvimento humano. Em termos de saneamento na área rural, segundo aqueles dados, o Brasil perde até para o Sudão e o Afeganistão, países subdesenvolvidos e em guerra. Também em termos de segurança, segundo ele, o Brasil vive “uma espécie de guerra civil não declarada”, sobretudo nos grandes centros urbanos.
“Evoluímos, sim, mas ainda persistem os privilégios e, com eles, as anomalias que levam à descrença de que se pode mudar desviando o foco da corrupção”, afirmou.
FK/LF
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