“Não somos suicidas”, diz representante dos trabalhadores de mina de amianto

31/08/2012 13:00 - Atualizado há 9 meses atrás

Operador de máquina há 22 anos na mina de amianto Cana Brava, localizada em Minaçu (GO), Adelman Araújo Filho compareceu à audiência pública para defender a continuidade do uso do amianto na indústria brasileira e afirmar que os trabalhadores encontram um ambiente de trabalho seguro para desenvolver suas atividades. “Não somos suicidas”, afirmou ele, que é diretor-presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Extração de Minerais não Metálicos de Minaçu/GO.

Adelman Araújo Filho criticou a postura do Estado brasileiro que defende o uso de fibras alternativas ao amianto, sem que os trabalhadores conheçam a origem e a agressividade de tais fibras. “É possível trabalhar com amianto de forma segura, nós somos a prova disso,” afirmou, ao ressaltar que o amianto é um produto cujos riscos e vantagens são conhecidos há mais de 70 anos.

Segundo ele, “a luta pela permanência da nossa atividade jamais pode deixar de levar em consideração a saúde desses trabalhadores”. Admitindo que há doentes e que os mesmos devem responsabilizar as empresas para as quais trabalham ou trabalharam, o sindicalista disse na audiência que a categoria firmou “os melhores acordos na área social e econômica”, inclusive com seguro.

Já conhecido

Segundo o trabalhador, a lei que regulamenta o amianto é a mesma que  regulamenta as fibras alternativas, “só que o amianto já conhecemos”, observou. "Se o amianto é tão perigoso assim", por que uma empresa do ramo "não retirou as telhas de amianto de seu galpão"? Indagou o operário, ao afirmar que existem apenas 8% de amianto nas telhas que cobrem as paredes da fábrica e das casas dos trabalhadores.

Ele mostrou que o ambiente da fábrica é umidificado para não haver poeira e que o produto é transportado com segurança e sob um rígido cuidado no acondicionamento e armazenamento. “Não se transporta amianto como se transporta calcário ou areia”, disse, ao apontar que o transporte do produto é feito em sacos impermeáveis, lacrados e flambados para não vazar.

Antes de encerrar sua explanação, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Extração de Minerais não Metálicos de Minaçu reclamou da dificuldade que os trabalhadores do setor encontram para ter direito à aposentadoria especial pelo INSS.

AR/EH

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