Movimento de mestiços defende sistema de cotas mais abrangente
A representante do Movimento Pardo-Mestiço Brasileiro (MPMB) e da Associação dos Caboclos e Ribeirinhos da Amazônia (Acra), Helderli Fideliz Castro, falou durante a audiência pública em nome dos mestiços brasileiros.
Em sua intervenção, ela afirmou que o sistema de cotas para negros da Universidade de Brasília (UnB) não é, a rigor, medida de ação afirmativa. Isso porque, em sua opinião, o sistema não visa combater discriminação racial de cor, origem e nem corrigir efeitos das mesmas.
Para ela, o sistema de cotas da UnB, inversamente do que defendia Darcy Ribeiro, fundador da universidade, tem por base uma elaborada ideologia de supremacia racial que visa à eliminação política e ideológica da identidade mestiça brasileira e a absorção dos mulatos e caboclos, dos cafusos e outros pardos pela identidade negra, a fim de produzir uma população exclusivamente composta por negros, brancos e indígenas.
Ao defender o respeito aos mestiços como uma raça, Helderli Fideliz disse que, atualmente, para concorrer às vagas por meio de sistema de cotas o candidato deverá ser de cor preta ou parda, declarar-se negro e optar pelo sistema de cotas. “Assim, as cotas da UnB não se destinam a proteger pretos e pardos em si. Pretos e pardos que se auto-declaram mestiços, mulatos e caboclos são excluídos do sistema de cotas da UnB”, disse.
No seu entendimento, estão ensinando o mestiço a ter vergonha de sua origem por falta de uma identidade. “Seria normal o branco ter identidade branca, o negro identidade negra, o índio ter identidade indígena, mas o mestiço não pode ter identidade mestiça”, destacou.
CM/AR