Ministro do Supremo interroga egípcio acusado de terrorismo

06/05/2002 18:41 - Atualizado há 4 meses atrás

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Carlos Velloso interrogou hoje (6/5) o egípcio Mohamed Soliman acusado de participar de organizações terroristas em seu país, inclusive em campos do Afeganistão. Ele responde a processo de Extradição (EXT 836), a pedido do governo do Egito, e negou todas as acusações, alegando perseguição religiosa. O ministro Velloso é o relator da ação.



Mohamed Soliman, de 35 anos, disse que saiu do Egito com medo de ser morto por cristãos, por ter se tornado muçulmano. Segundo ele, os cristãos são muito fortes em seu país e tramaram uma armadilha para que as autoridades egípcias pedissem sua Extradição. Retornando ao seu país, seria morto, afirmou.



Mohamed é acusado de participar de organização terrorista internacional e estar envolvido em homicídios e posse ilegal de armas, munições e explosivos. Além disso, seria integrante de um grupo terrorista cujos integrantes são treinados fora do país, em campos do Afeganistão.



Ao ministro Carlos Velloso, Mohamed Soliman negou ter usado armas de fogo ou branca em seu país, ou ter atentado contra qualquer autoridade política local. Disse que nunca esteve no Afeganistão, esclarecendo que, ao sair do Egito, permaneceu por dois anos na Arábia Saudita, de onde saiu para ingressar no Paraguai com passaporte egípcio. Mohamed ingressou no Brasil por Foz do Iguaçu (PR) sem passaporte, alegando que é comum a entrada e saída da cidade brasileira de pessoas que trabalham na Cidade do Leste, fronteira com o Paraguai.


  
Em Foz do Iguaçu, onde está há oito anos, Mohamed casou com Rucaia Manah, com quem tem uma filha de três anos. Vendedor de confecção,  ele disse que veio para o Brasil ganhar dinheiro porque é pobre e, portanto, nunca foi terrorista, “porque todo terrorista é rico”.


  
Ao final do interrogatório, o ministro Velloso deu prazo de dez dias para a defesa se apresentar por escrito e ouviu os apelos da mulher de Mohamed, que pediu ao ministro que julgasse com carinho o caso do marido, por ter certeza de sua inocência. O ministro disse que pretende julgar o pedido de Extradição ainda neste semestre.


 



Mohamed Soliman, acusado pelo Egito de terrorismo (cópia em alta resolução) 


 



Ministro Carlos Velloso (e), relator da Extradição (cópia em alta resolução)



Em depoimento,
Soliman disse ser vítima de perseguição religiosa (cópia em alta resolução)


 


#BB/JM//AM

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