Médica defende a proibição da interrupção de gravidez por anencefalia
A ginecologista e obstetra Elizabeth Kipman Cerqueira defendeu, na manhã desta terça-feira (16), a continuação da gravidez em caso de bebês anencéfalos. Ela começou sua apresentação lembrando que diversos especialistas que se apresentaram na audiência afirmaram que dentro do útero não é possível determinar a morte encefálica. “Quem afirma isso está passando por cima de critérios científicos”, afirmou.
Destacou trabalho realizado por estudiosos nos Estados Unidos, que, segundo ela, provou que os nenéns que nascem com anencefalia e ficam vivos não têm possibilidade de terem a sua morte encefálica determinada e muito menos quando está dentro do útero. Por esse motivo, a sociedade americana de medicina suspendeu autorização para a retirada de órgãos de bebês anencefálicos que nasciam.
Elizabeth disse que com 14 semanas se identifica um caso de anencefalia, mas apenas com 24 semanas é que isso se desenvolve, porque o tecido nervoso continua se desenvolvendo mesmo num feto anencefálico. "O feto é vivo. Seriamente comprometido quando nasce, com curtíssimo tempo de vida, mas está vivo", disse.
Os riscos da mãe
Para a médica, a mãe sofre risco durante a gravidez, mas o risco maior é na antecipação do parto, que na verdade é um trabalho de parto prolongado de três a onze dias de internação e que pode causar ruptura interina e infecção. De acordo com ela, no caso de manter a gravidez, os problemas são 100% resolvidos, enquanto nas complicações da antecipação do parto as seqüelas são permanentes para a vida da mulher.
A médica falou ainda sobre a carga emocional dessa experiência, que não pode ser ignorada, e que é terrível para a mãe saber que tem um bebê anencefálico. No entanto, a consciência de ter sido ela a responsável por abreviar o tempo de vida do filho aumentará o sentimento de culpa.
Ao final, apresentou um vídeo com depoimentos de duas mulheres com gravidez de bebês sem cérebro. A primeira fez a antecipação do parto e não acha que foi a melhor opção, e outra mulher que optou por prosseguir com a gravidez acredita que foi a melhor escolha.
“É mais possível que uma mãe que faça aborto sinta remorso e arrependimento, mas a mãe que leva a gravidez até o fim, ou até a morte espontânea, ela não vai ter remorso de ter feito o que pôde enquanto pôde“, afirmou Elizabeth.
CM/MG