Manifestações do STF sobre o falecimento do fotógrafo Sebastião Salgado
Presidente do Tribunal, ministro Luís Roberto Barroso, e ministra Cármen Lúcia homenageiam o artista, que tem obras no Supremo

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, e a ministra Cármen Lúcia, manifestaram pesar pelo falecimento, nesta sexta-feira (23), do fotógrafo Sebastião Salgado, aos 81 anos. “Recebo com imensa tristeza a notícia da morte do Sebastião Salgado. Na verdade, um grande artista. Ele era um dos patrimônios culturais brasileiros, embora estivesse vivendo na França”, disse Barroso.
Aclamado como um dos maiores fotógrafos do mundo, Sebastião Salgado é economista de formação, mas desde 1973 passou a usar suas lentes fotográficas para retratar o mundo com suas mazelas e belezas. Já ganhou diversos prêmios nacionais e internacionais e publicou doze livros, entre eles Êxodos (2000), África (2007), Gênesis (2013) e Perfume de Sonho (2015).
Salgado e Lélia rodaram o mundo com suas exposições itinerantes e projetos sociais e ambientais, como o Instituto Terra, de recuperação da Mata Atlântica, em Minas Gerais.
Ministro Luís Roberto Barroso, presidente do STF
“Eu recebo com imensa tristeza a notícia da morte do Sebastião Salgado. Na verdade, um grande artista. Uma morte precoce, 81 anos hoje em dia é muito cedo. Ele era um dos patrimônios culturais brasileiros, embora estivesse vivendo na França. Há poucas semanas, ele me telefonou por uma questão que o preocupava. Ele é um homem que tinha um olhar voltado para a proteção ambiental, para a proteção das comunidades indígenas, para outras causas importantes da humanidade.
No Supremo Tribunal Federal, nós temos inúmeras fotografias dele, em grandes pôsteres. Na minha sala tem duas fotografias dele da Amazônia. Para contar um episódio anedótico, tinha duas fotos enormes dele. Uma da Floresta Amazônica e a outra era uma canoa com dois indígenas de costas e nus. E era exatamente onde se tirava as fotos oficiais no meu gabinete. Um dia me dei conta de que todas as fotos oficiais tinham dois índios nus atrás. Aí pedi para colocar outra foto da Floresta Amazônica. Mas apenas para registrar que ele é tão querido e admirado, que no gabinete do presidente do Supremo tem duas fotos dele. E espalhadas pelo Supremo tem muitas outras.
Além do papel que ele desempenhava, aqui mesmo no Brasil, embora estivesse morando fora, de recuperação de vegetação nativa, projetos ecológicos extremamente importantes.
De modo que a perda de uma pessoa como Sebastião Salgado é uma imensa perda para a humanidade. E aqui mando um abraço e consolo para toda a família.”
Ministra Cármen Lúcia, presidente do TSE
“Enorme perda para o Brasil e para essa humanidade tão precisada de grandes humanidades como o Tião. Sebastião era Salgado apenas no sobrenome: um ser humano a mostrar uma doçura total, mesmo nas denúncias fotografadas das indignidades e feridas do mundo.”
Ministro Gilmar Mendes, decano do STF
“Sebastião Salgado foi um dos maiores fotógrafos do mundo e, sobretudo, um grande humanista. Suas lentes registraram momentos históricos no Brasil e no mundo, iluminando injustiças e flagelos ao nosso redor.”
Acervo
O Supremo Tribunal Federal conta, em seu acervo cultural, com 18 painéis fotográficos assinados por Sebastião Salgado que integram o projeto “Amazônia” e foram doados por ele e sua esposa, Lélia Wanick Salgado, na Presidência da ministra Cármen Lúcia (2016-2018).
Nas fotografias, o olhar em preto e branco de Salgado se volta para os povos originários de diversas etnias e a biodiversidade da região amazônica. Foram sete anos de imersão na floresta para retratar o cotidiano de índios que vivem no Alto Xingu como os Waurá e Kamayurá (MT), no Rio Negro como os Yanomami (AM), os Zo’é (PA), os Ashaninka (AC) e os Korubo, no Vale do Javari (AM).