Juventude carioca aprende sobre justiça, democracia e Constituição com o STF na Escola
Jovens aprendizes do Rio de Janeiro (RJ) conhecem projeto educativo do Tribunal da Constituição que contribui para sua formação profissional

“Numa sociedade em que as pessoas se respeitam e convivem com a diferença, todo mundo é mais feliz”. Partindo dos fundamentos da justiça, democracia e de direitos fundamentais previstos na Constituição Federal, a juíza-ouvidora do Supremo Tribunal Federal, Flávia Martins de Carvalho, compartilhou nesta quinta-feira (13/2) noções de cidadania com 190 jovens aprendizes do Centro de Integração Empresa-Escola do Rio de Janeiro (CIEE RJ).
A magistrada lembrou que os Estatutos da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/1990) e da Juventude (Lei 12.852/2013) preveem direitos do público, com idades entre 14 e 24 anos, que acompanhou o segundo dia do ciclo de apresentações do projeto STF na Escola na capital do Rio de Janeiro. A consciência sobre essas garantias legais precipitou a explicação sobre a separação dos Poderes e o papel de cada um, bem como sobre o funcionamento do Poder Judiciário.
”Democracia é uma forma de organização da vida em sociedade, onde prevalece a vontade da maioria respeitando-se direitos fundamentais da minoria”, explicou Flávia Martins. A juíza-ouvidora também lembrou que liberdade de expressão não é sinônimo de liberdade de agressão, e citou que a maior síntese da cidadania é quando todas as pessoas colocam seus direitos e deveres em prática.

Desigualdade, cotas e meritocracia
Ao ouvir relatos da representante do STF sobre violações das leis que culminam em prisões, Milena Cardoso, jovem aprendiz da Fundação Getúlio Vargas (FGV), afirmou que a ausência de oportunidades dignas para pessoas egressas do sistema prisional fortalece o ciclo da criminalidade. “Eu vivencio essa realidade. Tenho 20 anos e vejo crianças com a metade da minha idade no tráfico, que só querem levar uma comida pra casa. Ao sair da cadeia sem chance de trabalhar, pessoas presas repetem a sua própria história”, afirmou a estudante, que vive no bairro de Bonsucesso.
Flávia Martins lembrou que muita gente não encontra portas abertas em outros lugares que não seja o crime. “Educação e capacitação profissional abrem outras portas. Não há solução que não passe pelo estudo. Também precisamos de pessoas nas estruturas de poder que conheçam a realidade. A privação, e não apenas o privilégio. É nessa transformação que eu acredito, é por isso que estou aqui”, ressaltou a magistrada.
Questionada sobre a pertinência das cotas raciais, a juíza-ouvidora afirmou que quanto mais igual pessoas diferentes são tratadas, mais a desigualdade é perpetuada. “Meritocracia é quando todo mundo larga do mesmo lugar. As cotas não tiram ninguém da disputa, só colocam pessoas historicamente em desvantagem em largadas diferentes, para minimizar a desigualdade de oportunidades e tornar as condições de competitividade mais igualitárias”, explicou Flávia Martins.
Por fim, a palestrante trouxe de volta a relação entre ser feliz e viver sobre as bases do Estado Democrático de Direito: “A razão de vocês estarem aqui hoje é a busca da felicidade, a qual todo mundo tem direito. Viver sua afetividade sem medo, ter suas diferenças respeitadas, liberdades individuais e direitos políticos, tudo isso passa por essa busca e é parte da vida em democracia”.
STF na Escola
O projeto explica o papel da Suprema Corte, da Constituição Federal e da democracia. Tem como público-alvo estudantes do ensino fundamental e médio de escolas públicas e privadas e duas possibilidades: representantes do STF vão até as escolas, para explicarem o funcionamento dos Poderes e do Judiciário; ou grupos de estudantes visita o Tribunal, para conhecerem as instalações e a história da Corte, além de assistirem ao início da sessão de julgamento no Plenário. Acesse agora a página do projeto para conhecer seus jogos on-line e solicitar a participação da sua escola.
(Fábia Galvão)
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12/03/2025 – Jovens aprendizes do Rio de Janeiro conhecem o STF na Escola