“Não se deve tratar das ações afirmativas numa perspectiva apaixonada, quase fundamentalista. O assunto é válido quando discutido sob o ponto de vista prático e na medida em que produz resultados”. A opinião do presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Nelson Jobim, foi transmitida a um grupo de representantes da Comunidade Negra de São Paulo, em reunião na manhã de hoje no STF.

Religiosos, funcionários públicos, uma universitária, uma jornalista, advogados e uma vereadora da capital paulista, todos ativistas da causa dos afro-descendentes, foram ao Supremo Tribunal convidar o ministro Jobim para um Seminário sobre a questão do negro na Câmara Municipal de São Paulo. O presidente do STF aceitou o convite e vai proferir palestra sobre a “Constitucionalidade das Ações Afirmativas”, abordando principalmente os sistemas de cotas.

Para o ministro, é importante que o debate sobre as chamadas ações afirmativas seja mais ampliado, se estendendo bem além das próprias comunidades negras. “E sempre buscando soluções para mudar o futuro, não se limitando a discursos para marcar posições”, disse. No que concorda a vereadora Claudete Alves, segunda negra nos 400 anos de história da Câmara de São Paulo. “Até sob o ponto de vista econômico é importante discutirmos a inclusão do negro”, disse a vereadora, que considerou histórico o encontro de hoje – a primeira vez que se discutiu o problema racial na presidência da mais alta Corte do País.

A palestra do ministro Nelson Jobim foi marcada para o dia 20 de agosto, no salão nobre da Câmara Municipal. Ao confirmar sua participação, Jobim foi informado de que a Câmara aprovou proposta da vereadora Claudete Alves de conceder-lhe o título de cidadão paulistano, a ser entregue em data ainda não fixada.

Jobim: convite para palestra sobre ações afirmativas (cópia em alta resolução)