Gilmar Mendes fala sobre os 20 anos da Constituição brasileira em Washington

24/10/2008 17:10 - Atualizado há 12 meses atrás

Os 20 anos da Constituição Federal e a jurisdição constitucional no século 21 foram temas de palestras apresentadas pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes, em Washington (EUA), nesta quinta-feira (24).

Na Georgetown University, que tem a 14ª melhor faculdade de Direito dos Estados Unidos, segundo publicação especializada, o ministro fez um histórico das constituições brasileiras e falou da Carta de 1988 como um marco entre o fim de um ciclo autoritário e o início de uma nova experiência democrática.

Em sua fala, o ministro ressaltou o papel do Supremo Tribunal Federal de “atuar na necessária evolução constitucional, por meio da interpretação do texto da Constituição”. Segundo ele, a Corte tem respondido à demanda cada vez maior da sociedade demonstrando profundo compromisso com a realização dos direitos fundamentais. Nesse contexto, citou casos históricos, discutidos pelo STF, como questões relacionadas ao racismo e ao anti-semitismo, à progressão de regime prisional, à fidelidade partidária, às pesquisas com células-tronco e o início do julgamento de temas relevantes sobre aborto e a demarcação de terras indígenas.

Já no Woodrow Wilson Center for Scholars – centro de estudos que reúne acadêmicos e pesquisadores das áreas de relações internacionais e de políticas públicas de todo o mundo –, o ministro apresentou a palestra “Novos Desafios para Jurisdição Constitucional no Século XXI: Perspectiva Brasileiras”.

Para um público aproximado de 130 pessoas, o presidente do STF explicou que “a jurisdição constitucional brasileira foi construída num ambiente constitucional democrático e republicano, apesar das interrupções causadas pelos regimes autoritários”.

O ministro falou das influências do modelo norte-americano no sistema brasileiro como decisivas para a adoção inicial de um sistema de fiscalização judicial da constitucionalidade das leis e dos atos normativos. Hoje, no entanto, definiu o controle de constitucionalidade como sendo caracterizado pela originalidade e diversidade de instrumentos processuais destinados à fiscalização dos atos do poder público e à proteção dos direitos fundamentais.

Ao fazer um panorama geral sobre o tema, o ministro destacou ainda a ampla publicidade dos julgamentos no Brasil. Ele concluiu a apresentação afirmando que “não há Estado de Direito, nem democracia, onde não haja proteção efetiva de direitos e garantias fundamentais”, ressaltando as atribuições do STF como guardião da Constuição.

Ainda em Washington, nesta quinta-feira Gilmar Mendes reuniu-se também com o presidente da Suprema Corte dos Estados Unidos, John Roberts, e com o magistrado Antonin Scalia.

Na segunda-feira (27), o ministro cumpre agenda em Boston. Ele apresenta palestra sobre “O Controle de Constitucionalidade no Brasil” na Harvard Law School, entre outros compromissos.

EH/LF


Ministro Gilmar Mendes com o presidente 
da Suprema Corte dos EUA. John Roberts

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