Engenheiro diz que substituição do amianto vai aumentar o preço da telha

31/08/2012 13:15 - Atualizado há 9 meses atrás

“Achamos que o preço do telhado vai subir um pouquinho, pois não é factível banir o amianto amanhã, sem que isso cause um aumento no preço das telhas”, disse, nesta sexta-feira (31), o engenheiro civil Vanderley John, doutor em Engenharia Civil pela Universidade de São Paulo (1995). Ele integra um grupo de pesquisadores que, há 20 anos, trabalha com tecnologias de fibrocimento. E a razão principal, segundo ele, está no fato de que o PVA, principal matéria-prima para substituir o amianto, somente é produzido na China e no Japão, e em quantidade insuficiente para abastecer o mercado mundial.

As afirmações foram feitas durante audiência pública promovida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para debater a utilização de produtos que tenham o amianto em sua composição. Segundo John, a produção mundial de PVA é de 70 mil toneladas, quando somente a demanda brasileira é de 30 mil a 40 mil toneladas.

Em vista dessa e de outras dificuldades, ele sugeriu um período de adaptação. “A transição precisa ser planejada, precisa de apoio às empresas e trabalhadores do setor”, afirmou. “Dá para substituir (o amianto). A durabilidade cai um pouco, mas o processo exige novas fábricas – e fora do Brasil para  fazer o PVA, pois não existe matéria-prima para PVA no Brasil”.

Dificuldades

Entre as dificuldades encontradas para substituição do amianto, John relacionou a necessidade de desenvolvimento de novas trecnologias, mudança de instalações e maquinário, lentificação do processo de produção, aumento do custro da energia, necessidade de treinamento de mão de obra e, também, a qualidade do cimento produzido no Brasil. Isso porque as indústrias do setor introduziram mudanças na sua produção para efeito de redução da emissão de gás carbônico (CO2) na atmosfera.

Dentre as dificuldades por ele relatadas está, também, uma que o grupo de pesquisa por ele integrado ainda não conseguiu superar: a apresentação de fissuras nas bordas das telhas sem amianto em sua composição, problema que, segundo ele, foi agravado com a mudança na qualidade do cimento. De acordo com John, a fissura não provoca nenhum vazamento nos telhados. Mas esbarra na resistência do consumidor, que acha que se trata de telha defeituosa e, portanto, não a compra.

Outro problema, segundo ele de menor gravidade, é que a nova telha, sem amianto, tem durabilidade menor – em torno de 20 anos, quando a que tem amianto em sua composição dura mais do que isso. Na composição antiga, na verdade, quase 90% eram representados por cimento e 10%, por amianto. Na nova composição, entretanto, segundo John, a participação do cimento está menor.

FK/EH

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