Desembargadores analisam dados da Justiça estadual

O vice-presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), desembargador Celso Limonge, fez uma análise dos indicadores estatísticos da Justiça estadual durante o seminário “A Justiça em Números”. Ele afirmou que chegou cético para participar do seminário, mas reconheceu que os estudos detalhados e as apresentações o sensibilizaram. Ele disse estar convencido de que as estatísticas são ferramentas indispensáveis para o aprimoramento do poder Judiciário.
Celso Limonge afirmou que para desempenhar bem as suas funções, o juiz vai precisar sempre de administradores ao seu lado e defendeu a contratação desses profissionais como forma de melhorar a gestão no poder Judiciário. “O juiz trabalha sozinho, enquanto que os grandes escritórios de advocacia contam com o apoio de estatísticos, matemáticos e administradores”, argumentou.
O desembargador também defendeu em sua palestra que os juízes tenham conhecimento interdisciplinar, em áreas como economia, sociologia e filosofia. “O juiz precisa estar amparado nas Ciências Sociais, para ter noção do impacto de suas decisões”, afirmou o vice-presidente da AMB. Ele comparou o poder Judiciário “a uma locomotiva de manobra, que puxa os vagões, mas não sai da estação”, argumentando que o juiz é um profissional que trabalha muito, mas que o Judiciário acaba por impedi-lo de trabalhar.
Desembargador Marcus Faver
Ex-presidente do Tribunal de Justiça do Rio de janeiro (TJ/RJ), o desembargador Marcus Faver aproveitou sua palestra para chamar a atenção dos participantes quanto à responsabilidade social do poder Judiciário.
Indicado pelo Supremo Tribunal Federal para integrar o Conselho Nacional de Justiça, Marcus Faver afirmou que sobre o Judiciário estão as expectativas de toda a sociedade brasileira e que é preciso dar uma resposta à altura dos anseios da população. O desembargador reconhece que o Judiciário não funciona a contento e reforça a idéia de que se precisa encontrar um tempo razoável para a conclusão das demandas judiciais.
“Os dados são importantíssimos para mostrar que nós estamos deixando a desejar, não há como fugir desse triste diagnóstico, com um estoque de demanda inconcebível” e enfatizou que “na Justiça, a morosidade é o vício de todas as especulações”. Citando poetas e cantores, o desembargador Marcus Faver concluiu que é preciso ter vontade política para tomar as atitudes e transformar a gestão judiciária.
AR/BB
Vice-presidente da AMB analisa indicadores da Justiça estadual (cópia em alta resolução)