Assessores do ministro Marco Aurélio contam como é o dia a dia no gabinete

13/06/2010 00:03 - Atualizado há 9 meses atrás

A servidora que há mais tempo convive com o ministro Marco Aurélio, desde quando ele era integrante do Tribunal Superior do Trabalho (TST), é quem garante: o tempo passa para todo mundo, menos para ele. “É lógico que ele envelheceu, ficou com cabelo branco, mas continua com o mesmo idealismo, com o mesmo entusiasmo, com a mesma coragem, com o mesmo vigor que tinha em 1987, quando o conheci. Ele é incansável. Faz cada processo, um a um, como se fosse o primeiro e como se fosse o último”, conta a assessora Adriane da Rocha Callado Henriques, que o compara à figura de Dom Quixote, só que “com o pé no chão”.

O ministro tem cinco assessores diretos, sendo cada um especializado em determinado ramo do direito. São eles que preparam os relatórios, com todas as informações do processo para que o ministro elabore seu voto. Cabe a eles também executar as pesquisas solicitadas pelo ministro (de legislação ou jurisprudência), por isso, a cada dia, um dos assessores dá plantão no gabinete durante a manhã. As decisões são gravadas pelo ministro e há uma servidora só para degravar as decisões, que depois são submetidas à revisora de português, que, por sua vez, submete o texto ao ministro, em papel. Ele não gosta de corrigir nada na tela do computador e trabalha muito em casa.

Adriane conta que o ministro é extremamente rigoroso consigo mesmo, não se permite errar, e isso acaba refletindo na atuação dele como chefe. “Ele cobra o máximo de atenção no trabalho, tendo em vista que o Supremo é a ponta. Se errarmos aqui, quem vai corrigir? A quem recorrer?”, justifica a assessora. Quando o ministro encontra algo errado, chama o responsável e conversa. Com gentileza, pondera que houve uma negligência, um descuido, e que o processo não foi tratado como deveria. No gabinete não há cobrança de produtividade nem estipulação de quotas a serem alcançadas. “A regra aqui é a qualidade e quando alguém erra, todos ficam contrariados”, conta Adriane.

Outra regra do gabinete do ministro Marco Aurélio é ser feliz, conta o assessor João Bosco Marcial de Castro. Quando as pessoas estão felizes, trabalham melhor, mais satisfeitas, e isso reflete no dia a dia do gabinete. “Estou no gabinete há menos tempo, tendo passado pelos gabinetes dos ministros Paulo Brossard, Maurício Corrêa e Eros Grau. Lido com os processos criminais e o que sobressai é o aspecto humanista do ministro Marco Aurélio na aplicação da lei penal. Ele considera essencial que o Estado esteja aparelhado para julgar em tempo hábil, porque a prisão sem que haja uma sentença torna-se algo ilegal pela morosidade do Estado em aparelhar-se”, afirmou.

VP/EH

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