Amigos dão depoimento sobre o ministro Menezes Direito em sua despedida

01/09/2009 15:30 - Atualizado há 9 meses atrás

A cerimônia de despedida do ministro Carlos Alberto Menezes Direito recebeu a presença de diversas pessoas ilustres que conviveram com o ministro ao longo de sua carreira. Veja depoimentos de algumas autoridades que passaram pelo velório do ministro.

Jose Antonio Dias Toffoli – Advogado Geral da União

É uma perda não só para o Supremo, mas para toda a nação brasileira. O ministro Menezes Direito era altamente conhecedor da legislação brasileira e da realidade social. Era um teórico, um juiz, um magistrado, uma pessoa de convicções muito firmes que fará falta ao Supremo Tribunal Federal, a mais alta corte do país e a toda a nação. Era impressionante como Sua Excelência, quando relatava um processo, muitas vezes conhecia mais do processo do que nós mesmos, os advogados que atuavam na causa. Conhecia página por página, era capaz de relatar processos de vários volumes de cabeça sem ler o relatório. Uma pessoa que realmente era, na área jurídica um gênio. É uma falta muito grande que fará porque além de todas essas qualidades ele também era um grande mestre, um grande conciliador na relação social com todos os setores da sociedade brasileira. O ministro Menezes Direito, sem dúvida nenhuma, marcou nesses dois anos o Supremo com questões das mais relevantes como na matéria relativa a células tronco, como na matéria relativa à demarcação da terra indígena Raposa Serra do Sol entre tantos outros casos em que a Advocacia Geral da União atuou. Sua Excelência, sem dúvida nenhuma, fará muita falta ao país, à nação, ao Supremo Tribunal Federal e a nós que éramos seus amigos.

Tarso Genro – ministro da Justiça

Sobretudo, ele era um humanista. E como humanista ele era um grande juiz. A decisão que ele tomou, associado ao ministro [Carlos Ayres] Britto no caso da Raposa Serra do Sol é um exemplo retumbante de uma vida pública no âmbito do Judiciário. Aquela decisão vai marcar o país para o resto de sua história. Então é uma perda muito forte para o Poder Judiciário, para o Estado brasileiro, para o direito e para o humanismo moderno porque ele era um homem que costumava se pautar sempre a partir de casos concretos que resolvia por uma visão humanista e não posturas ideológicas ou políticas que pudessem distorcer o raciocínio jurídico e levar as decisões a fundamentos inexplicáveis.

A perda é irreparável para o Supremo. É um ministro que no curto espaço de tempo honrou a sua toga e dignificou o direito e a Justiça em nosso país.

Luiz Fux – ministro do STJ

O mundo do direito perde um profissional competente, de uma exação ímpar e de extrema probidade. Um homem muito dedicado a sua função, conhecedor profundo da jurisprudência dos tribunais em que atuava e que visava exatamente uniformizar essa jurisprudência. Era um magnífico chefe de família, preocupado desde o filho mais velho até o neto mais novo. Deixa uma família muito bem construída, pessoas tão queridas quanto ele foi. De sorte que perde o universo jurídico e perde o universo humano também.

Roberto Gurgel – procurador-geral da República

Entre muitas outras coisas, o que eu recordo bem é que o ministro Menezes Direito, a partir de um exame extremamente minucioso dos autos, ele sempre proferia julgamentos em que abordava absolutamente todos os múltiplos aspectos da questão. Ele não deixava nada, absolutamente nada sem ser enfrentado. Ele aliava esse estudo meticuloso dos autos com evidentemente o domínio da doutrina e da jurisprudência. Especificamente para o Ministério Público, que sempre teve no ministro Direito alguém que era um defensor aguerrido de algumas das teses do Ministério Público. Portanto, o MP perde um grande aliado que sempre apoiou as lutas do Ministério Público, muito especialmente a luta do Ministério Público pela efetividade da tutela penal. É uma grande perda, não apenas para o Judiciário mas também para o Ministério Público.

Gilson Dipp – ministro do STJ

Convivi quase dez anos com o ministro Direito e ele foi um juiz excepcional, talvez um dos mais brilhantes e inteligentes que tenham passado pelo STJ, preocupado com a magistratura, preocupado com a sociedade e vai deixar muita saudade para nós, do STJ. A sua passagem pelo Supremo, mesmo que meteórica, deixou a sua marca. A magistratura hoje tem, evidentemente, um sentimento de perda muito grande, mas nós sabemos que ele está olhando por todos nós.

Cesar Asfor Rocha – ministro do STJ

Deixou um rastro luminoso. Foi um grande desembargador no Tribunal de Justiça do Rio, foi excepcional ministro no Superior Tribunal de Justiça, autor de muitas teses que hoje estão consagradas na jurisprudência nacional. Uma passagem também extraordinária no Supremo Tribunal Federal. Foi um professor cujas lições estão sendo hoje adotadas por muitos que estão na magistratura, na advocacia, no Ministério Público, nas salas de aula ensinando nas defensorias públicas, além de ser um homem de formação cristã sólida, dedicado à família, muito aplicado e que deixa uma saudade muito grande para todos nós. Uma lição a ser seguida. Para mim, particularmente, uma perda imensa porque éramos grandes amigos. 

CM/EH

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