Ambientalista critica: importação dos pneus aumenta o passivo ambiental no Brasil

27/06/2008 12:02 - Atualizado há 12 meses atrás

“Podemos deduzir que a importação de pneus usados e remoldados que têm a metade da vida útil dos pneus novos produzidos no Brasil aumenta consideravelmente a quantidade de resíduos e o passivo ambiental do País”. A conclusão foi da ambientalista ligada ao Conselho Nacional do Meio Ambiente Zuleica Nycs, que participa da audiência pública que debate a importação de pneus usados.

Zuleica entende que os países ricos não investiram no desenvolvimento de técnicas e processos seguros para solucionar o problema de resíduo de pneus. “Ou seja, não existe hoje, no planeta, uma tecnologia adequada e, na falta de boas alternativas, os países ricos transferem seus passivos de pneus aos países em desenvolvimento”, frisou.

Na opinião da ambientalista, esses países estão se livrando do problema sem assumir o ônus, porque se a solução fosse queimar em fornos de cimento, eles não precisariam enviar os pneus para outros lugares. 

Segundo ela, queimar pneus em fornos de cimento é arriscado, e o Brasil não está aparelhado para isso, pela falta de monitoramento do Estado. “Quem controla os filtros dos fornos é o próprio empreendedor”, disse. Ela lembrou que o Brasil é signatário da Convenção de Estocolmo, contra os poluentes orgânicos persistentes (que flutuam na atmosfera do mundo inteiro prejudicando o corpo humano). 

Zuleica disse acreditar que a negativa de recepção dos pneus usados por parte dos países em desenvolvimento forçará os países desenvolvidos a pesquisar formas novas de descarte que produzam menos impacto ambiental. “A Europa tem cerca de 120 milhões de pneus que chegam ao fim da vida útil por ano. No Canadá, eles são 30 milhões e nos Estados Unidos estima-se 285 milhões”, informou.

Despreparo

A ambientalista afirmou que o Brasil ainda não está preparado para tratar o seu lixo – nem mesmo o urbano, que chega a ser de 160 mil toneladas por dia, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Georgrafia e Estatística). Zuleica destacou que 30% do lixo brasileiro ainda vai para lixões a céu aberto e 60% dos municípios não têm aterros sanitários. “É necessário avaliar a importação de pneus levando em conta esse cenário”, ressaltou.

MG/LF

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