Autismo além do estigma: mitos que precisamos deixar para trás

28/04/2025 10:30 - Atualizado há 4 dias atrás
Imagem com fundo azul escuro. No centro, está escrito

“Autistas não sentem empatia”, “não demonstram afeto” ou “não conseguem se relacionar”. Já ouviu essas afirmações? Pois saiba: não passam de mitos. Pessoas autistas sentem — e muito. Podem demonstrar emoções de formas diferentes das que estamos acostumados, é verdade, mas isso não significa que são indiferentes ou “frias”.

Esses estereótipos, além de falsos, alimentam um ciclo perigoso de preconceito e exclusão. Ignoram a individualidade de cada pessoa no espectro e reduzem histórias ricas e complexas a um estigma limitador. E mais: desconsideram que o maior obstáculo muitas vezes não é o autismo em si, mas o olhar social que não reconhece essas outras formas de ser.

“Esses mitos são prejudiciais porque alimentam o preconceito, dificultam diagnósticos precoces, afastam famílias do acesso a informações corretas e criam barreiras para a inclusão social e educacional”, explica o psicólogo clínico e analista do comportamento Gustavo Tozzi.

O autismo tem cura?

Não, o autismo não tem cura — e, talvez, mais importante do que isso: não precisa ter. O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição neurológica e genética. Ou seja, a pessoa já nasce autista e seguirá autista ao longo da vida.

Tratar o autismo como algo a ser “curado” reforça uma ideia capacitista de que há algo errado com quem é diferente. Mas o que a ciência e a vivência de tantas pessoas mostram é que a chave está na compreensão, na adaptação e no apoio — não na tentativa de “normalizar” alguém que apenas tem um jeito distinto de existir.

Vacinas causam autismo?

Esse mito é um dos mais persistentes e perigosos. E precisamos ser diretos: não há comprovação científica de que vacinas causam autismo. Nenhuma. A origem do autismo está ligada a fatores genéticos e neurológicos e pode envolver heranças familiares ou mutações espontâneas.

Vacinas salvam vidas e continuam fundamentais para a saúde pública. Disseminar esse tipo de desinformação não só atrasa diagnósticos e impede acessos, como também coloca em risco a saúde de toda a população.

Abril Azul

O Abril Azul nos convida a deixar os estigmas para trás. Ainda há muitos mitos sobre o autismo que precisam ser desconstruídos. Pessoas autistas sentem, amam, trabalham, criam vínculos, constroem famílias. Elas não precisam ser “curadas” porque autismo não é uma doença.

Segundo Tozzi, o acesso a informações fundamentadas e de qualidade é o caminho para uma sociedade mais inclusiva. “Somente com conhecimento é possível transformar atitudes, questionar preconceitos e construir ambientes que acolham verdadeiramente as diferenças”, conclui.

Num mundo que ainda busca padronizar comportamentos, o autismo nos lembra que a diferença é parte essencial da condição humana. Que tal transformarmos a escuta em prática? Que tal fazermos da convivência uma troca mais justa, acolhedora e real?


(Cairo Tondato//AD)

Conteúdo acessível em Libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro, Hosana ou Guga. Conteúdo acessível em Libras usando o VLibras Widget com opções dos Avatares Ícaro, Hosana ou Guga.