Presidente do Colégio de presidentes do TJs presta homenagem ao presidente do STF em discurso
Em seu discurso, durante a abertura do fórum, o presidente do Colégio Permanente de Presidentes de Tribunais de Justiça, José Fernandes Filho, prestou uma homenagem ao presidente do Supremo, ministro Maurício Corrêa, encarregado de encaminhar as sugestões do Judiciário ao projeto de reforma da Previdência Pública.
“Minha rápida intervenção não pontuará qualquer tema especifico da reforma do Judiciário ou da reforma da Previdência porque me pareceu, pela programação distribuída, que deles cuidaríamos na segunda fase dos nossos trabalhos. Mas gratifica-me, senhor presidente, e agrada aos Tribunais de Justiça dos estados sentir esta extraordinária e histórica unanimidade em torno daqueles pontos que são caros e comuns à toda a magistratura brasileira.
Senhor presidente, Maurício Corrêa, honroso convite do então presidente Sepúlveda Pertence levou-me a Moçambique, num encontro de presidentes de Supremas Cortes de países de língua portuguesa, com a ousadia de falar, por delegação de S. Exª , sobre a fascinante aventura dos nossos Juizados Especiais.
Conduzido pelo descortínio e atualidade do co-estaduando ilustre, descobriria Coto, jovem escritor moçambicano que com Guimarães Rosa aprendeu a cunhar expressões de inquiridora densidade. À chuva abundante que caía sobre a terra, calcinada de tinta de sangue, chamou de abensonhada, com “s”. Isto é, de bençãos e sonhos para o seu povo exaurido por guerra fratricida.
Abensonhada, também, senhor presidente Mauricio Corrêa, esta hora singular e histórica, pelas bênçãos que ungem nossa terra e a unidade e pelos sonhos que voltaram a povoar o coração da magistratura brasileira. Disse bem V. Exª. no seu antológico discurso de posse: A magistratura não está só. Quem já experimentou o depressivo sentimento da orfandade, sabe o gerador de ressentimento e frustrações. Quem, igualmente, já viveu a experiência da paternidade plena, sábia, corajosa, pronta para a hora, qualquer que seja ela ou seu sabor. Carente de orfandade e trânsida de promessas que o tempo cumprirá, esta manhã sela a união da Magistratura nacional. Conduzida por mãos experientes de quem se antecipa ao nascer do dia. Dirigidos por homens encanecidos no oficio, em condições assim, Sr. Presidente, de exercer o dom do discernimento, os Tribunais de Justiça sabem que a liderança qualificada cuidará dos superiores interesses da Justiça brasileira.
Em suas honradas mãos, presidente Mauricio Corrêa, o Judiciário dos estados, aqui representado pela unanimidade dos presidentes de Tribunais de Justiça, entrega, este Judiciário, suas angústias e expectativas; aquelas numerosas, estas modestas, tudo compromisso da sociedade, destinatária final de nossos atos.
À caminho de Compostela, Senhor presidente Mauricio Corrêa, o peregrino sabe que o cajado, gasto pela intempérie, verga mas não quebra. A estrada é longa, a barba pode crescer e até ficar branca. Nada o deterá, testemunho e exemplo, faça chuva ou sol violento. A candeia, bruxuleante às vezes, mas sempre acesa, ordenará seus passos nas noites sem lua.
Exausto, mas pacificado, divisa o marco zero. Purificado, olha para trás, sem sentir vergonha ou remorso, porque foi fiel a si e aos que lhe seguiram as pegadas, firmes e cadenciadas. Digno, assim de seu tempo e dos que, confiantes, lhe abriram as entranhas e lhe entregaram a alma.
Assim será, presidente Mauricio Correa, porque de Bandeirantes destemidos nessa travessia, não há espaço para os que não acreditam na economia do bem, nem para os que, de mal com a história, andam agachados e cabisbaixos. Mas, apenas e tão somente, para aqueles a quem o destino confiou pesada missão, a de serem intransigentes defensores da verticalidade do Poder Judiciário, sem a qual não haverá bênçãos, nem sonhos, porque tudo estará perdido, irremediavelmente perdido”.
Desembargador José Fernandes, presidente do Conselho de TJs (cópia em alta resolução)