Economista da Unicamp afirma que produção de amianto está em declínio no mundo
A professora do Instituto de Economia da Unicamp Ana Lúcia Gonçalves da Silva afirmou, durante a audiência pública realizada no Supremo Tribunal Federal, que, em termos mundiais, a indústria do amianto vem sofrendo um declínio permanente, em função das restrições crescentes adotadas por muitos países. Representando a Associação Brasileira das Indústrias e Distribuidores de Produtos de Fibrocimento, a pesquisadora demonstrou que o amianto já teve produção de 5 milhões de toneladas por ano e que em 2007 foram produzidos menos de 2,5 milhões de toneladas.
Ela afirmou que 99% da produção estão nas mãos de pouquíssimos países, sendo 46% do amianto mundial produzidos pela Rússia, 20% pela China e cerca de 11% pelo Brasil. A economista apresentou um estudo concluído por ela em 2010, com dados sobre produção, comercialização e consumo de amianto, relativos ao ano de 2007/2008. Segundo a pesquisa, houve restrição ou banimento do amianto em 58 países, sendo que 95% do consumo atual de produtos à base de amianto se encontram na Ásia, em países do Leste Europeu e na América Latina.
Brasil
A produção de amianto crisotila na mina de Cana Brava em Minaçu (GO) foi de 254 mil toneladas em 2007, para uma movimentação de 3,5 milhões de toneladas de rocha na extração do produto. Segundo a economista da Unicamp, a fibra de crisotila produzida no Brasil é exportada principalmente para Índia, Indonésia e Tailândia. O Brasil exporta 172 mil toneladas de amianto, que equivalem a 68% do total produzido, sendo apenas 32% reservados para o consumo interno.
Mesmo sendo um grande produtor, ainda há empresas brasileiras que importam amianto, num total de 35 mil toneladas por ano a US$ 14 milhões. No caso do Brasil, o consumo interno do produto vem diminuindo entre 1995 e 2007 foi registrada uma queda de 35% no consumo interno da fibra de amianto. A pesquisa revelou que as próprias empresas brasileiras consomem grande parte do amianto que produzem, sendo que 98% dessa produção é para a fabricação de telhas de fibrocimento.
Ao concluir sua apresentação, a professora afirmou que ficou surpresa ao verificar que uma empresa do ramo absorve cerca de 63% de tudo o que produz, se considerada a produção de sua coligada. Com isso, na avaliação da professora, o grupo é um exemplo de que poderia substituir o amianto por outro tipo de fibra alternativa, segundo relatório divulgado pela empresa a seus acionistas em 2004, mas como detém a mina de amianto, optou por seguir com sua produção enquanto der.
Para a professora, o impacto econômico que dizem haver é exagerado por parte daqueles que defendem a produção do amianto. A questão dos empregos afetaria mais os trabalhadores da mina, que poderiam ser absorvidos pelo próprio setor.
AR/EH