“Não somos suicidas”, diz representante dos trabalhadores de mina de amianto
Operador de máquina há 22 anos na mina de amianto Cana Brava, localizada em Minaçu (GO), Adelman Araújo Filho compareceu à audiência pública para defender a continuidade do uso do amianto na indústria brasileira e afirmar que os trabalhadores encontram um ambiente de trabalho seguro para desenvolver suas atividades. “Não somos suicidas”, afirmou ele, que é diretor-presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Extração de Minerais não Metálicos de Minaçu/GO.
Adelman Araújo Filho criticou a postura do Estado brasileiro que defende o uso de fibras alternativas ao amianto, sem que os trabalhadores conheçam a origem e a agressividade de tais fibras. “É possível trabalhar com amianto de forma segura, nós somos a prova disso,” afirmou, ao ressaltar que o amianto é um produto cujos riscos e vantagens são conhecidos há mais de 70 anos.
Segundo ele, “a luta pela permanência da nossa atividade jamais pode deixar de levar em consideração a saúde desses trabalhadores”. Admitindo que há doentes e que os mesmos devem responsabilizar as empresas para as quais trabalham ou trabalharam, o sindicalista disse na audiência que a categoria firmou “os melhores acordos na área social e econômica”, inclusive com seguro.
Já conhecido
Segundo o trabalhador, a lei que regulamenta o amianto é a mesma que regulamenta as fibras alternativas, “só que o amianto já conhecemos”, observou. "Se o amianto é tão perigoso assim", por que uma empresa do ramo "não retirou as telhas de amianto de seu galpão"? Indagou o operário, ao afirmar que existem apenas 8% de amianto nas telhas que cobrem as paredes da fábrica e das casas dos trabalhadores.
Ele mostrou que o ambiente da fábrica é umidificado para não haver poeira e que o produto é transportado com segurança e sob um rígido cuidado no acondicionamento e armazenamento. “Não se transporta amianto como se transporta calcário ou areia”, disse, ao apontar que o transporte do produto é feito em sacos impermeáveis, lacrados e flambados para não vazar.
Antes de encerrar sua explanação, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Extração de Minerais não Metálicos de Minaçu reclamou da dificuldade que os trabalhadores do setor encontram para ter direito à aposentadoria especial pelo INSS.
AR/EH