Edifício-Sede do Supremo atrai centenas de visitantes em julgamentos e nos fins de semana
A Praça dos Três Poderes está para Brasília como o Cristo Redentor para o Rio, ou a Avenida Paulista para São Paulo. Nesse área em cujas extremidades estão as cúpulas do Executivo, do Legislativo e do Judiciário transitam servidores públicos, juízes, ministros, senadores, deputados e milhares de turistas interessados nas formas e na vastidão dos monumentos brasilienses.
O palácio que abriga o Supremo Tribunal Federal é um desses monumentos projetados para receber todos os brasileiros. Desde 1960, ele abriga o Plenário da mais alta Corte da Justiça brasileira, uma sala onde foram julgados casos que mudaram a sociedade brasileira e moldaram a democracia da maneira como é vista hoje.
O público em dias de julgamento é bem eclético, dependendo da pauta do dia. No julgamento em que foi liberada a pesquisa com células-tronco embrionárias, foi marcante a presença de centenas de cadeirantes. Quando chegou a vez da Petição 3388, sobre a ocupação da Reserva Indígena Raposa Serra do Sol, o Plenário e os arredores do prédio ficaram repletos de índios com seus trajes típicos e agricultores que defendiam sua permanência na terra.
Mas não só em dias de julgamento o prédio projetado por Oscar Niemeyer com arcos leves e grandes espaços abertos atrai tantos curiosos. Nos finais de semana, o Tribunal promove visitas guiadas à população. Nos grupos de turistas, que chega a 500 visitantes por mês, em média, sempre estão crianças, estudantes de Direito, professores, jovens, famílias e idosos.
Visita guiada
A primeira parada é feita ainda do lado de fora, na estátua da Justiça – campeã de fotos. A escultura em pedra de Petrópolis, de Alfredo Ceschiatti, foi feita um ano depois da inauguração do prédio, em 1961, e mede 3,30m. Ela é inspirada na deusas grega Têmis e romana Iustitia.
Dentro do prédio, o passeio inclui o Hall dos Bustos, o Plenário, o Salão Nobre, e o Salão Branco.
No Hall dos Bustos, há nove estátuas: de D. Pedro I; do embaixador Barão do Rio Branco; do abolicionista Joaquim Nabuco; do jurista e escritor Rui Barbosa; de Clóvis Beviláqua – autor do Código Civil aprovado em 1916; do ex-presidente Campos Salles, do jurista Teixeira de Freitas; do ministro Ubaldino do Amaral; e do ministro Pedro Lessa, que trouxe a doutrina no Habeas Corpus para o Brasil.
Dentro do Plenário a beleza é, em grande parte, o fundo da sala, onde fica um painel em mármore bege-bahia do artista plástico Athos Bulcão. No centro há um crucifixo de Ceschiatti.
O Salão Branco, assim como o Plenário, é bastante usado pelos ministros. O espaço é amplo e tem vários jogos de sofá – onde os ministros recebem convidados nos intervalos das sessões. Na parede, há a galeria de fotos dos ex-presidentes da Corte, do Império e da República.
Já no segundo andar há o salão nobre, onde os ministros do Supremo recebem autoridades de outros países, por exemplo. No hall de entrada há obras de arte e às vezes exposições temporárias. Dentro do salão, os móveis são originais do século 19 em estilo francês. Há tapeçarias de estilo Gobelin; lustres de bronze e cristais e porcelanas, a maioria de origem japonesa.
Turistas
Na opinião do profissional de relações públicas Rafael Magalhães, da equipe de cerimonial do STF, o Tribunal desperta a curiosidade e “mexe com a imaginação das pessoas” na sua tarefa de julgar em última instância casos que, muitas vezes, estampam as manchetes dos jornais.
E não só brasileiros aparecem. “Os franceses e norte-americanos enriquecem as visitas porque os direitos desses países são bem diferentes”, conta a servidora Cláudia Borges, que guia as visitas.
Num dos grupos, em março, estava o professor universitário Nestor Santiago, que fazia sua primeira visita ao Supremo. “A gente sempre fala da jurisprudência e das tendências do STF, e agora eu tive oportunidade de conhecer o Tribunal, é bem é interessante poder levar o conhecimento para a sala de aula”, contou.
As visitas ao Tribunal terminam com sugestões ou críticas feitas pelos turistas. Eles também podem mandar cartões-postais patrocinados pelo Supremo, que se encarrega de enviá-los aos destinatários.
Em 50 anos foi preciso aumentar a estrutura para que a Justiça funcionasse com organização e mais celeridade. Por isso, foi construído o Anexo 1 – que concentra, além do apoio administrativo e processual, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) – e os blocos do Anexo 2, sede dos gabinetes de ministros e das duas Turmas de julgamento do Tribunal. Os anexos não são abertos a visitas pelos grupos nos finais de semana.
Serviço: As visitas acontecem nos finais de semana e feriados das 10h às 17h30, com duração de 20 minutos cada.
MG,KK/LF//AM
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