Unicamp cita experiência favorável com bonificação a minorias
O coordenador da Comissão de Vestibulares da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), professor Renato Hyuda de Luna Pedrosa, disse na tarde desta sexta-feira (5) que a instituição comprovou que alunos oriundos da rede pública que ocupam cotas de negros, pardos ou índios têm um bom desempenho ao longo do curso e não abandonam os estudos.
Luna Pedrosa trouxe à audiência pública sobre a constitucionalidade de cotas raciais em universidades dados de uma pesquisa feita com cerca de seis mil alunos que entraram na Unicamp de 1994 a 1997. “Alunos com famílias de baixa renda – até cinco salários mínimos – com mães com formação não além de educação fundamental e provenientes de escolas públicas tiveram classificação na turma, ao final do curso, em média mais alta do que quando entraram em relação aos colegas de turma”, disse.
Naquela época, não existia a política de pontuação extra (bonificação) para grupos menos favorecidos, estabelecida em 2004.
Ele citou como referência a turma de aprovados em medicina no ano de 2005. Como são concedidos 30 pontos aos alunos oriundos da rede pública e dez pontos aos que se disseram negros, pardos ou índios no ato da inscrição do vestibular (não há cotas reservadas, apenas pontuação extra), essa soma de até 40 pontos fez o número de alunos considerados de baixa renda, negros, pardos ou índios da turma de 2005 subir para 33, o triplo do registrado em turmas anteriores.
Um gráfico apontou que esses alunos mantiveram um desempenho acadêmico crescente e não deixaram o curso antes de conclui-lo.
Luna Pedrosa reconheceu, no entanto, que há uma dificuldade na autodeclaração da raça e da cor. “Estamos em processo de avaliação sobre essa questão delicada”, admitiu.
Audiência pública
A audiência pública sobre políticas de acesso ao ensino superior foi convocada pelo ministro Ricardo Lewandowski, relator no STF de dois processos que tratam do tema – a ADPF 186 e o Recurso Extraordinário (RE) 597285. Os debates estão sendo realizados na Sala de Sessões da Primeira Turma da Corte desde quarta-feira (3) e terminam na tarde desta sexta-feira (5).
MG/LF
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