Obstetra diz que mães têm dignidade aumentada por respeitar o direito do anencéfalo à vida
O obstetra Dernival da Silva Brandão, que em 50 anos de carreira já vivenciou alguns casos de bebês anencéfalos, defendeu a manutenção da gravidez de crianças desprovidas de cérebro até o final em respeito à dignidade da vida que se forma no útero. “A mãe não pode ser chamada de caixão ambulante, como dizem por aí. Pelo contrário, ela tem sua dignidade aumentada por respeitar a vida do seu filho”, argumentou no terceiro dia da audiência pública sobre interrupção da gravidez dessas crianças.
O ministro Marco Aurélio Mello questionou-o sobre a convicção de que o sofrimento purificaria o ser humano e o obstetra afirmou acreditar nessa premissa. Segundo o médico, o sofrimento aproxima as pessoas.
Brandão alertou que as mulheres cujos fetos foram retirados são acometidas de remorso pela rejeição ao filho pelo qual as mães de crianças não abortadas não passam. “Essas, ao contrário, têm uma boa sensação de dever cumprido”, disse. “Como podemos qualificar o valor da vida humana? O doente não é menos digno de viver”, disse Brandão, que preside a Comissão de Ética e Cidadania da Academia Fluminense de Medicina.
MG/EH