Especialista em gestão ambiental afirma que pneu usado não é lixo europeu

27/06/2008 19:00 - Atualizado há 12 meses atrás

O especialista em Direito e Negócios Internacionais e mestre em gestão ambiental Ricardo Alípio da Costa disse que iria desfazer o mito de que os pneus inservíveis ou usados são “lixo europeu”. Em uma exposição de 15 minutos na audiência pública sobre importação de pneus usados, ele apresentou dados e informações de entidades estrangeiras voltadas para a promoção do gerenciamento econômico e ambiental dos pneus em final de vida.

De acordo com o especialista, a Comunidade Européia, os Estados Unidos e o Japão preocupam-se, hoje, em valorizar o pneu inservível. “É uma falácia afirmar que eles exportam lixo para os países em desenvolvimento, porque eles não consideram [esses pneus] lixo, e sim um produto com alto valor agregado.”

Alípio da Costa falou como representante da Associação Brasileira do Segmento de Reforma de Pneus, fundada em 1985, que representa 1.557 reformadoras e 18 fabricantes de borracha. Segundo ele, essas empresas são responsáveis por 40 mil empregos diretos e por mais de 160 mil empregos indiretos.

Ele afirmou que, na Europa, há países comprometidos com a destinação final dos pneus, que resolveram de forma eficiente essa questão. Segundo o especialista, a Alemanha tem 100% de êxito. E a Inglaterra dá destinação final a 93% dos pneus inservíveis. Segundo Alípio da Costa, os países com pouca intervenção estatal na área são os que melhor soluções obtiveram.

Ele citou aplicações dadas a pneus inservíveis que são triturados e podem ser utilizados para fabricar grama sintética, playgrounds, coque de petróleo (com menos impacto ao meio ambiente), barreiras de contenção pluvial, muros de antiavalanche e composição da malha asfáltica. “Essa é a valorização econômica que estão retirando dos pneus inservíveis”, disse.

Alípio da Costa informou que, no Brasil, 77% do transporte é feito por rodovia, além disso, a frota de automóveis é velha. Citando dados da Confederação Nacional do Transporte (CNT), ele disse que, do 1,6 milhão de km de malha rodoviária, 192 mil Km são pavimentados. Do total pavimentado, 78% estão em situação precária ou ruim.

Diante dessa realidade, afirmou o especialista, não é possível falar, aqui, em ciclo de vida do pneu. Segundo ele, um pneu novo pode durar menos que um pneu reformado, “dependendo do buraco que ele encontra pela frente”.

RR/LF

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