Cota racial é projeto para tornar o Brasil solidário e justo, diz frei franciscano

13/05/2008 20:20 - Atualizado há 12 meses atrás

O frei franciscano Davi Santos disse, nesta terça-feira (13), após ser recebido pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes, que “a cota racial é um projeto para transformar o Brasil em um espaço de solidariedade, de justiça e de inclusão”. O frei foi um dos oito representantes dos defensores das cotas raciais que participaram da audiência com o ministro.

Em entrevista a jornalistas, ao ser confrontado com o argumento de que as cotas raciais significariam um tratamento desigual entre brasileiros, Frei Davi disse que “é justamente o contrário”. Segundo ele, as cotas “vêm consertar um Brasil onde 97% do povo nunca teve oportunidade de entrar numa universidade”.

Lembrado de que, duas semanas atrás, um grupo de opositores das cotas também entregou um documento ao presidente do STF, Frei David manifestou sua esperança de que o grupo de 113 intelectuais que elaborou aquele documento venha a mudar de opinião. “Nós temos certeza de que eles e outros movimentos sociais vão, no mínimo em dez anos, mudar de posição e vir para o nosso lado”.

ADI contra cota

Sobre a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) proposta contra o ProUni, ele disse acreditar que a idéia de apresentar a ação nasceu “num momento inicial, em que eles não tinham a clareza do sucesso que seria o ProUni”.

O advogado carioca Renato Ferreira, especialista em causas raciais, disse que o documento favorável às cotas entregue ao ministro Gilmar Mendes tem, entre outras, a finalidades de fazer com que os ministros do STF “entendam como a sociedade brasileira se transformou numa sociedade que banaliza a discriminação, a desigualdade”. Segundo ele, “o  documento mostra, também, a importância das políticas de inclusão como políticas democráticas para fazer uma reversão de todo esse processo de exclusão, que é secular”.

“Na educação, nós temos que ampliar as ofertas de vagas, melhorar a qualidade, reconhecer que educação é um direito fundamental”, observou. “Mas, somadas a essas políticas universais, nós temos que adotar outras políticas públicas  pontuais, específicas, temporárias, para que a gente não continue a banalizar desigualdades incompatíveis com o Estado democrático de direito”. 

FK/LF//EH

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