Professora de genética da USP defende utilização de células tronco embrionárias

20/04/2007 17:01 - Atualizado há 12 meses atrás

Durante entrevista concedida a jornalistas, a professora de genética da Universidade de São Paulo (USP) Mayana Zatz afirmou ser favorável às pesquisas em células-tronco. “Nós temos cinco milhões de pacientes no Brasil com doenças genéticas e muitas dessas doenças vão poder ser tratadas com células-tronco”, disse.

“Eu trabalho com pacientes que têm doenças gravíssimas, com crianças que estão morrendo em cadeiras de roda”, contou a professora ao falar da dificuldade de transformar células-tronco adultas em tecidos que precisam regenerar outros tecidos, como os musculares e os nervosos, para curar esses pacientes.

Mayana Zatz disse que apesar de não existir um consenso em relação ao momento em que começa a vida, há um consenso que a vida termina quando cessa a atividade cerebral. “A pessoa doa órgãos e é uma coisa louvável quando a família aceita doar órgãos de um ente querido que morreu”, exemplificou.

Para ela, uma vez que a morte cerebral determina o fim da vida, da mesma maneira, somente a partir do 14º dia há o início da formação da célula nervosa. “Então porque não usar esse mesmo parâmetro para dizer que até 14 dias pode usar as células embrionárias para formar tecidos?”, questionou a professora.

“Eu estou convencida de que a Igreja Católica, quando vir os primeiros resultados, quando vir pacientes que estão condenados se recuperarem, vai reverter a sua posição”, analisou. Mayana Zatz destacou que as pesquisas devem ser iniciadas. “A gente precisa começar a fazer aquilo que se faz em outros países porque, caso contrário, os ricos vão para o exterior e os pobres, o que vão fazer?”, indagou.

Por fim, ela ressaltou que as pesquisas que estão sendo feitas com células-tronco da medula óssea – chamados de auto-transplante – nas quais são tiradas a medula óssea e injetada em outro órgão, não serve para a doença genética. “Na doença genética, você vai ter todas as suas células com o mesmo erro genético por isso o auto-transplante não serve”, avaliou.

Mayana Zatz é considerada uma das maiores autoridades da área no Brasil, sendo pioneira no estudo de doenças neuromusculares. Pós-doutora em biologia genética pela USP, ela preside a Associação Brasileira de Distrofia Muscular e coordena o Centro de Estudos do Genoma Humano.

EC/LF


Professora de genética da Universidade de São Paulo (USP) Mayana Zatz. (cópia em alta resolução)

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