Pluralidade e singularidade: os muitos jeitos de ser autista

07/05/2025 20:44 - Atualizado há 3 dias atrás
Imagem com fundo azul escuro. No centro, está escrito

Ao se falar sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA), é comum que se forme uma imagem estereotipada, como se houvesse um único “tipo” de pessoa autista, com comportamentos específicos e previsíveis. No entanto, a realidade é justamente o oposto: o autismo é plural, diverso e profundamente singular.

Estar no espectro significa ter um funcionamento neurológico que difere do padrão, impactando áreas como comunicação, interação social, comportamentos e percepção do mundo. Mas esses impactos se manifestam de maneira única em cada indivíduo.

Algumas pessoas falam com fluência, outras enfrentam dificuldades na fala. Algumas gostam de contato físico, outras preferem manter distância. Algumas têm interesses muito específicos, enquanto outras se envolvem com uma ampla variedade de temas.

É por isso que se fala em “espectro”: há uma ampla gama de características, intensidades e combinações possíveis.

Por que não se fala mais em “graus de autismo”?

Expressões como “autismo leve”, “moderado” ou “severo” foram comuns por muito tempo. No entanto, como explica o psicólogo clínico e analista do comportamento Gustavo Tozzi, esses rótulos simplificam demais uma condição bastante complexa.

“Esses termos podem criar a falsa ideia de que alguém com ‘autismo leve’ enfrenta menos desafios ou tem uma vida mais simples, o que nem sempre corresponde à realidade”, afirma Tozzi.

Hoje, a classificação mais utilizada é baseada em níveis de suporte, que indicam o grau de apoio necessário em diferentes áreas da vida. Essa abordagem é mais precisa e respeitosa, pois reconhece que uma pessoa pode ser autônoma em determinados aspectos — como os estudos — e, ao mesmo tempo, necessitar de suporte significativo em outros — como nas interações sociais.

“Falar em níveis de suporte permite uma compreensão mais justa, individualizada e funcional das reais necessidades de cada pessoa”, reforça o psicólogo.

A importância do olhar individualizado

Quando se trata de autismo, generalizações não têm lugar. Diagnóstico, acompanhamento e estratégias de apoio precisam ser personalizados. Compreender a pessoa em sua totalidade — com suas habilidades, desafios e forma única de existir — é essencial para oferecer um suporte efetivo.

Mais do que encaixar alguém em uma definição, é necessário conhecer sua história, sua rotina, seus interesses e suas formas de comunicação.

“Embora o TEA seja classificado como um transtorno, isso não significa que todas as pessoas no espectro estejam em sofrimento ou tenham limitações severas”, destaca Tozzi. “Muitas levam vidas plenas, com modos próprios de perceber e interagir com o mundo”,

No fim das contas, a palavra-chave é pluralidade. Reconhecer essa diversidade é um passo fundamental para construção de uma sociedade mais justa, empática e verdadeiramente acolhedora.

Abril Azul

O Abril Azul é uma campanha que reafirma o compromisso do Supremo com a valorização da neurodiversidade e a promoção da acessibilidade.

Ao longo do mês, conteúdos informativos serão divulgados nos canais de comunicação do STF, com o objetivo de fortalecer a inclusão e o respeito às diferenças.


(Cairo Tondato/AD)

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