STF incentiva diversidade intelectual e profissionalização
O trabalho de pessoas com síndrome de Down e Transtorno do Espectro Autista (TEA) no Supremo Tribunal Federal (STF) é o tema da terceira e última matéria de uma série produzida pela Secretaria de Comunicação para o mês do Setembro Verde.
Esses profissionais atuam em diferentes áreas, como fotografia e gestão de memória institucional, e contribuem para as atividades administrativas da Suprema Corte.
Eles foram contratados pelo STF, no primeiro semestre de 2024, numa parceria entre o Tribunal e a Associação de Centro de Treinamento de Educação Física Especial (Cetefe).
Fotografia
Primeiro fotógrafo com síndrome de Down do STF e autor de todas as fotos desta série, Bruno Moura, de 22 anos, é a única pessoa contratada com essa síndrome. Ele fez estágio no Cetefe, antes de estrear no mundo do trabalho por meio do STF. “Estou aqui para mostrar serviço, e a minha família tem orgulho de mim”, disse Bruno.
O jovem pretende ter a fotografia como profissão, porque “tirar foto é vida”, segundo ele. Contou ainda que tem aprendido muito com os colegas e falou da oportunidade de conhecer pessoas aqui. Já tirou fotos dos ministros no Plenário e se disse “muito fã do presidente Barroso”.
Memória Institucional
O STF também é o primeiro emprego de Ádrian Oliveira, de 19 anos, que tem Transtorno do Espectro Autista (TEA). Ele atua na seção de Gestão da Memória Institucional, setor que cuida do arquivo do Museu do STF, onde está, por exemplo, o acervo de fotografias impressas da Corte.
A função de Ádrian é conferir o conteúdo das fotografias e analisar o estado de conservação do material catalogado, que recebe uma descrição. Também digitaliza as fotos que ainda estão na versão física. “O que eu faço é importante para o STF, acho o trabalho interessante e faço direito”, afirmou.
Há dois anos, faz um curso, à distância, de investigação forense e perícia criminal. Ele quer se tornar tecnólogo. Além disso, gosta de ler livros de ficção e de estudar línguas estrangeiras. É fluente em inglês, tem conhecimento básico de espanhol e japonês, entende palavras em italiano e começou a aprender alemão. Ser perito em alguma instituição policial, bem como roteirista ou diretor de cinema, são opções de profissões que pretende exercer futuramente.
Supervisoras
Tanto Bruno quanto Ádrian têm supervisoras, também contratadas pela Cetefe, que auxiliam diretamente em seus trabalhos.
Mariana Mourão é psicóloga e dá apoio a Bruno. “Eu e ele somos uma dupla, é uma troca”. Explica ainda que uma de suas funções é orientá-lo a ter postura profissional. “Está sendo uma experiência muito rica. Ter contato com a diferença adapta o nosso olhar e tem sido um aprendizado”, disse. Na opinião dela, a atuação de Bruno pode abrir portas para outras pessoas. “É preciso dar visibilidade para a inclusão e o STF dá muitas condições de trabalho”, concluiu.
Ádrian tem o apoio de Juliana Vieira, arquivista que trabalha principalmente com a descrição de fotografias. De acordo com ela, o trabalho que Ádrian exerce é fundamental para a preservação da memória no STF e na sociedade, além de divulgar a história e cultura do Tribunal.
Juliana ressaltou ainda que o STF, ao tornar esses registros acessíveis, enriquece o conhecimento sobre sua própria trajetória e relevância histórica e promove transparência, além de “fortalecer os laços entre o Tribunal e a sociedade”.