O STF inaugurou recentemente uma série de obras voltadas para a melhoria da acessibilidade em suas instalações. As intervenções fazem parte de um esforço contínuo para garantir que todas as pessoas, independentemente de suas condições físicas, tenham pleno acesso aos espaços do Tribunal de forma autônoma e segura.

Essa é uma das prioridades da atual gestão, aponta a arquiteta Marineli Monteiro Moreira, da Secretaria de Administração de Serviços e Gestão Predial (SAP). “Saber que estamos contribuindo para um ambiente mais inclusivo nos dá muita satisfação.”

Confira as principais mudanças e benefícios proporcionados:

Garagem do anexo I

A revitalização da garagem do anexo I trouxe melhorias significativas na acessibilidade, especialmente na portaria da via S2. As novas catracas instaladas proporcionam maior autonomia aos usuários, eliminando a necessidade de empurrar a catraca após a leitura do crachá.

Além disso, o acesso de veículos particulares, táxis e carros de aplicativo está sendo finalizado, com a criação de um acesso direto no nível da portaria. Essa intervenção facilita o deslocamento de pessoas que utilizam cadeiras de rodas ou possuem outras dificuldades de locomoção. A garagem também recebeu pintura nas vagas, seguindo as normas de acessibilidade.

Para Diego Veiga, produtor na Rádio Justiça, as mudanças trouxeram um impacto positivo imediato: “Eu venho pela S2. O acesso por ali era um pouco complicado antes da reforma. Agora, com as melhorias, tenho acesso total à portaria. A entrada foi facilitada com as catracas automáticas, não preciso ficar empurrando. Além disso, a pintura das vagas na garagem está mais visível, o que facilitou bastante.”

Entrada do anexo I

A obra de incêndio e acessibilidade do anexo I contemplou a construção de uma rampa na entrada principal, que substituiu uma plataforma que demandava manutenção constante e, por vezes, comprometia a acessibilidade.

Mariana Guedes, da Coordenadoria de Sustentabilidade, Acessibilidade e ODS, relembra as dificuldades enfrentadas antes da melhoria: “Antes dessa rampa na entrada do anexo I, havia um elevador que parecia uma estufa, era muito desagradável e desconfortável.”

Além disso, as escadas do edifício foram reformuladas, com a instalação de corrimão em duas alturas e sinalização adequada. Essa medida garante o apoio e a segurança de pessoas com diferentes necessidades.

Banheiros acessíveis

A reforma completa dos banheiros das turmas, no anexo II-B, foi realizada em conformidade com a norma NBR 9050, que estabelece os critérios de acessibilidade para edificações.

A principal adequação foi a construção de um banheiro acessível externo e independente dos banheiros masculino e feminino. Essa medida garante que pessoas com deficiência tenham acesso a um banheiro adequado, com espaço e equipamentos que atendam às suas necessidades.

Mariana lembra um episódio marcante que reflete a importância dessa mudança. “Recebemos no ano passado a Maria da Penha para um evento que aconteceu na 1ª Turma. Ela estava no palco, mas se precisasse ir ao banheiro rapidamente, teria que dar uma volta. Isso é quase desumano, porque as pessoas com mobilidade reduzida, muitas vezes, precisam se adaptar às situações e percorrer longos caminhos para ter acesso ao básico.”

A reforma do restaurante e a construção do novo Espaço do Servidor também incluíram a adequação dos banheiros às normas de acessibilidade. Assim como nos banheiros das turmas, foram construídos um banheiro acessível externo aos sanitários masculino e feminino.

Diego, que atua no Tribunal há um ano e dois meses, avalia positivamente a mudança: “Os banheiros novos e os renovados estão na medida, com privacidade independente dos outros banheiros. Eu acho que esse do Espaço do Servidor foi o que mais me beneficiou, porque é perto do meu local de trabalho, então facilita muito”.

Desafios

Apesar das reformas, há pontos que ainda precisam ser aprimorados para garantir uma acessibilidade completa. Diego destaca a importância da capacitação de pessoal. “Às vezes, tem profissionais de outras áreas daqui que ainda não têm o preparo certo para lidar com alguns tipos de deficiência. Então, um ponto de melhoria seria a capacitação de pessoal.”

Para Robson Barbosa, servidor há 27 anos na Secretaria-Geral da Presidência, também é preciso um pouco mais de reflexão sobre direitos, e isso envolve todas as pessoas. “Algumas pessoas acham que podem usar os banheiros ou as vagas de garagem rapidinho. Não pode ser assim, porque daí chega a pessoa que realmente precisa daquele espaço e o encontra ocupado. É preciso ter consciência de que aquilo ali foi feito com uma finalidade específica, que é atender a quem precisa.”

Avanços

Por outro lado, Mariana destaca o orgulho de acompanhar de perto os avanços de acessibilidade. “Eu me sinto muito orgulhosa em fazer parte dessas transformações. Para mim é incrível ter todos esses direitos garantidos, com tanta qualidade e suporte.”

Diego também percebe a diferença nos espaços: “Estou trabalhando há pouco mais de um ano aqui no STF. Desde o primeiro dia, me sinto independente. Todas essas melhorias me proporcionaram maior autonomia e segurança nas dependências do Tribunal.”

Além dos avanços na infraestrutura, Robson reconhece a importância do suporte emocional que recebe da equipe com quem trabalha: “Como eu tive poliomielite desde pequeno, hoje eu tenho muitas necessidades e dores, principalmente na coluna e na lombar. Mas a equipe tem dado todo o apoio necessário para o meu trabalho. Quando não estou bem, posso ir para casa ou para a fisioterapia”.

Robson avalia ainda como o Tribunal tem avançado na acessibilidade: “Antigamente, uma vez por ano, comemorava-se o ‘Dia da pessoa com deficiência’. Hoje o Tribunal lida com a acessibilidade todos os dias. Existem as equipes que dão suporte, apoio especializado, serviço médico. Então tem sido uma preocupação diária por aqui”.

(Cairo Tondato//AL)