Laís Souza, ex-ginasta olímpica, faz relato de sua história de vida no Supremo
Campeã como ginasta por inúmeras vezes nas mais diferentes competições, a ex-atleta Laís Souza foi a convidada do “SGPTalk Setembro Verde – O poder da transformação”, que aconteceu nesta segunda-feira (16) com a presença de pessoas do Supremo Tribunal Federal (STF).
Ao longo de uma hora, Laís tratou de diversos assuntos, desde a trajetória como atleta de ginástica artística até o momento em que sofreu um acidente durante um treino de esqui aéreo nos Estados Unidos, ocasião em que se lesionou e ficou tetraplégica.
Ginástica
A palestrante iniciou o bate-papo com as lembranças dos primeiros passos na ginástica, aos quatro anos de idade. Com 12 anos, Laís Souza, que é de Ribeirão Preto (SP), mudou-se para São Caetano do Sul (SP), onde passou a treinar com as demais integrantes da seleção brasileira feminina de ginástica artística.
Ela compartilhou com os presentes um vídeo que considera emblemático: um quarto lugar obtido durante a disputa de um campeonato mundial da categoria, feito alcançado aos 17 anos.
Com participações em três olimpíadas, mundiais e copas do mundo da categoria, Laís decidiu se aventurar em outro esporte quando se aposentou dos tablados: o esqui aéreo.
Acidente
Classificada para os Jogos Olímpicos de Inverno, ela passou por um episódio que mudou toda a vida da ex-atleta. Aos 25 anos, durante um treino realizado em solo americano uma semana antes das Olimpíadas de Sochi 2014, na Rússia, Laís se chocou contra uma árvore e, gravemente lesionada na coluna cervical, recebeu o diagnóstico de que havia se tornado tetraplégica.
Ela contou que se recorda de ter pedido ajuda para o treinador, na hora do acidente, ainda sem saber ao certo o que tinha acontecido. “Me lembro de estar caída no chão, pedindo socorro. Acordava e desmaiava. O helicóptero me removeu da montanha depois de 45 minutos.”
Laís disse, ainda, que teve a sensação de que havia quebrado tudo – braços, pernas, costelas –, mas não poderia imaginar o diagnóstico que estava por vir. “Quando os médicos disseram para minha mãe que, se não morresse nas próximas oito, 12 horas, ficaria dependente de um respirador, que não me alimentaria ou iria ao banheiro sozinha, aquilo foi o pesadelo da minha vida”, desabafou.
Adaptação
A ex-ginasta contou que o apoio incondicional da mãe e de alguns profissionais para se recuperar do acidente foi fundamental. “Fiquei por três meses com o respirador, mas sempre acreditei e tive o suporte de pessoas boas que estavam ao meu redor. Tive a sorte de me tratar nos Estados Unidos e lá pude deixar o hospital e ir para casa numa cadeira de rodas”, disse.
Laís afirmou que às vezes não aceita o que aconteceu, mas que vive o luto do momento, chora e segue adiante. “Cada vez que tenho a chance de falar sobre a minha história, eu trago verdades. Claro que gostaria de falar sobre ginástica, mas minha condição agora é outra e trato de acessibilidade e cidadania.”
Sobre isso, ela completou: “precisamos entender que o mundo é diverso, muitas pessoas tratam quem tem deficiência, como eu, com preconceito. Não duvidem da nossa capacidade, não nos tratem com capacitismo. O que nos falta é acessibilidade e inclusão, precisamos nos unir para tentar acessibilizar nosso país”.